quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Hue & Hoi An - Chuc Mung Sinh Nhat Mr. Duck!

Hué, Hoi An, from 4th - 8th of August

Não sei como é que isto aconteceu mas lá parece que fiquei com o ónus de escrever neste blog todos os tópicos relacionados com as viagens mirabolantes que se nos deparam frequentemente. A viagem, tal como tantas outras que já tínhamos feito no Laos, tinha tudo para correr bem. No dia anterior fomos a uma pequena pizzaria muito cozy (com pizzas ao nivel do L'Angolo de Munique, para quem o conhece) perto do nosso hostel no centro de Vientiane, capital do Laos. Bem poderia ter sido apelidada de "A ultima Ceia"... O percurso, desta feita, seria desde Vientiane, ao longo da fronteira com a Tailandia até à entrada novamente na parte sul do Vietnam, cortando imediatamente para Este e chegando (esperavamos nós...) sãos e salvos a Hué (algo como 20h de viagem...coisa pouca para aquela parte do mundo). Como não poderia deixar de ser, o fado quis complicar as coisas, e, em vez de nos presenciar com uma companhia de viação Laoense, quis pôr a nossa vida em sério risco com uma "tripulação" (entenda-se: dois pseudo-condutores suicidas e o "moço" que faz tudo desde coleccionar pagamentos até mudar pneus) oriunda do país de destino. O inicio da viagem ficou marcado logo pela forma como as nossas malas foram arrastadas pela lama/terra até à camioneta (veículo com aspecto de ter os seus 40 anos ao serviço no meio do mato na Serra Leoa) por um vietnamita aos berros com meio mundo (nós inclusivamente). Dada a nossa experiencia prévia com esta classe trabalhadora, lá o ignoramos e entramos na camioneta procurando um bom spot para nos instalarmos. Mal nos sentamos (na ultima fila, na esperança de poder esticar as pernas à noite), lá veio o mesmo individuo, aos berros novamente, com o que parecia ser um ataque de cólicas muito grave, para tentar encurralar-nos em dois bancos do meio, rodeados por pessoas estranhas com ar de contrabandistas. Mau mau Maria. Como é óbvio deu discussão, mas não nos mexemos dali. Não sei se foi boa ou má decisão. Na altura parecia o mais acertado, mas quando a meio da noite, aquando de uma travagem violenta, voei uns metros por cima do 2º condutor que dormia no chão à nossa frente e fui embater nos ferros de outro conjunto bancos, já não tinha tanta certeza... Não sei, no entanto, se o melhor momento da viagem foi este ou aquele em que, também a meio da noite, a cento e poucos km/h, numa estrada de montanha, em cima de uma curva, numa ultrapassagem, passamos uma secante a outro autocarro que vinha em sentido contrário, em que ambos os veículos perderam os retrovisores... enfim, a condução desportiva (apenas recomendado a verdadeiros apreciadores de emoções fortes), como aliás tudo o resto na cultura vietnamita, tem que ser aceite como é, sem ser questionado.
Muito antes do previsto (pudera...) lá chegamos ao posto fronteiriço de Densavanh do lado do Laos e tivemos que esperar até que abrisse, às 7 da manhã. Enquanto esperávamos, fomos abordados por um "facilitador de fronteiras", que não é mais do que um local que conhece os serviços fronteiriços, e, pela módica quantia de 10 USD trataria de passar os nossos passaportes à frente dos outros. Tesos como somos, recusamos educadamente. O resultado é o que podem ver na foto abaixo em que a luta por um carimbo se torna ridícula e desesperante, mas, com a devida preserverança, nada é impossivel.



Passado mais algumas horas de experiências alucinantes e únicas no ramo dos transportes rodoviarios, lá chegamos (vivos....) a Hué. Aqui fomos recebidos num pequeno hostel no centro da cidade por alguns (dos raros) simpáticos habitantes deste país. Hué é uma cidade grande, mas em que as principais atracções se vêem em pouco tempo. Não perdemos tempo e saimos de imediato para percorrer a "cidade proibida" imperial dos Nguyen, a ultima dinastia de imperadores do Vietname. Com a excepção das extensas muralhas rodeadas por um profundo fosso, a cidade proibida nao deixa de ser um pouco decepcionante. A principal causa para o degradado estado de preservação foi um ou outro bombardeamento do qual foi alvo durante a guerra do Vietname. Assim, parte das ruínas e edifícios coloniais que ainda estão de pé não deixam de ter o seu encanto, mas não deslumbra.



Outra grande atracção da cidade é a visita aos túmulos dos imperadores. Estas, localizadas nos arrabaldes da cidade, podem ser facilmente alcançadas de taxi, tuc-tuc ou taxi-mota, e estão num estado de preservação bastante melhor. Com o calor que se fazia sentir fomos tentados a provar uma célebre bebida do sudoeste asiático que podem ver na foto abaixo a ser preparada: sumo da cana de açucar com lima e gelo...incrivel revelação.


Como o tempo urge (em especial na nossa viagem), não nos tardamos em Hué. E como Hué, tal como Coimbra, tem mais encanto na hora da despedida, os donos do hostel onde tinhamos ficado, que repararam pelo passaporte que era o meu aniversário, decidiram surpreender-nos com um bolo costumizado!



Fantastico este povo de extremos culturais!


Assim, agarramos nas trouxas e no bolo e lá fomos festejar mais para sul. Chegamos a Hoi An por volta da hora de almoço e fomos procurar um hotel. Sim, hotel, e não uma hostal. Uma vez que o pato fazia anos resolvemos abrir os cordões à bolsa e partimos para o esbanjanço. Era o luxo e a ostentação. Hotel em quarto duplo com piscina, serviço de quartos, pequeno almoço buffet, etc.... por nada mais, nada menos do que 7eur/pessoa/noite. Uma barbaridade para esta parte do mundo.
Hoi An tem todo o aspecto de uma remota cidade colonial francesa que o tempo se encarregou de que a esquecessem. Os edificios junto ao rio, embora já degradados, dão aínda o ar superior de uma época passada em algum governador com o gosto europeu por lá passou.

Os pequenos barcos dos pescadores locais, ostentando o famoso olho desenhado na proa para os proteger no alto mar, trocaram o peixe pelos turistas que abundam e oferecem agora viagens tranquilas até à foz ou até ao achado arqueológico hindu de My Son, um pouco mais para Oeste.





Hoi An, covil de metade dos alfaiates do sudoeste asiatico, é o também paraiso da roupa feita por medida. Basta explicar o que se quer, mostrar um igual numa revista, desenhar à pressa num guardanapo, escolher a cor e os tecidos e passado 3 horas está pronto para a primeira prova. Depois disso seguem-se uma série de provas subsequentes para ajustar até à perfeição. E assim se tem um fato, blazer, saia, casaco, etc, costumizado, por pouco mais do que 30eur.




Como se não bastasse, e para se poder carregar isto tudo de volta para casa, Hoi An é tambem o paraiso das moxilas contrabandeadas. As North Face de 60 litros custam 15eur, as maiores custam 20. Penso já ter dito isto antes, mas volto a repetir: se alguma vez forem ao Vietnam (ou a Bangkok, Tailandia, que não fica nada atrás neste capitulo), não levem nada! Nem mala, nem roupa, nem escova dos dentes... ide de fisgaça que o resto podem trazer de lá, por um décimo do preço europeu. Nós, para muita infelicidade nossa, viemos de penas a abanar, uma vez que as moxilas (emprestadas) que carregamos já estavam a rebentar pelas costuras, literalmente (Boinas, Castelo, lo siento mucho).

Antes de partirmos, e depois de tanto ouvirmos falar de My Son como sendo um mini-Angkor Wat (mini mini mini mesmo...), lá fomos em mais uma field trip, sempre saudados por alguns “locals” pitorescos (especialmente aqueles com mais de 100 anos) que mostram sempre muita curiosidade e falam connosco em vietnamita como ali tivessemos vivido a vida toda.




O momento alto de qualquer passagem por uma estação de camionagem do sudoeste asiático é assistir incredulo às condições de higiene de qualquer uma das bancas de comida.


Não sei se o objectivo é o de cativar o cliente ou o de expor o frango à humilhação, mas tenho a certeza que a ASAE ia ter muito trabalho neste país.

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