quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Vang Vien e Vientiane

Vang Vien, from 31st of July - 1st of August

Pata que é viajante continua a sua viagem, mesmo sem penas! O facto de caído de bicicleta não me safou de ter algum tempo de descanso, para ver se as penas cresciam. No dia seguinte, às 8.30 lá nos enfiámos noutro autocarro para fazer mais uma viagem de 5 horas até Vang Vien.
Vang Vien é uma pequena aldeia no norte do Laos, entre Luang Prabang e a capital Vientiene. É conhecida, em primeiro lugar, pela prática de actividades radicais e depois pelas belas paisagens, pelos arrozais e pinaculos verdes, tal como vimos na China, em Yangshuo. Se lhe tivesse que dar uma conotação, também lhe chamaria “Laos backpakers paradise”.


Quando chegámos estava uma chuva imparável, que impossibilitou qualquer tentativa de passeio, até porque eu não podia molhar as penas.
Ao início da tarde as ruas encontravam-se vazias, pois toda a gente se encontra no rio a fazer actividades radicais, como p.ex., andar de canoa, bóia (tubbing), visitar cavernas submersas em água de bóia, etc... É por isso, que toda a gente aqui vem parar! Eram actividades que também nós queríamos ter feito, mas dada a minha condição física, vai ter que ficar para outra vez!
Assim sendo, andámos a vaguear pelos restuarantes/bares da vila, onde se viam apenas poucos viajantes (talvez magoados como eu) colados a ver tele a série televisiva “Friends”. Isto passava-se em todos os bares!
Dadas as circunstâncias decidimos partir no dia seguinte, ao início da tarde, para a capital do Laos, Vientiane.
Pela manhã ainda tivemos tempo para ver as belas paisagens de Vang Vien.


As crianças nunca nos deixaram de surpreender...

Na partida podemos constatar a quantidade de lesionados, que aquela terra fez. E claro, como eu tinha a pata ferida, toda a gente me perguntava: “Tubbing?”, ao qual eu respondia com cara de sei lá o quê: ”Não, foi a andar de bicicleta em Luang Prabang (numa cidade que é suposto ser plana...)”.


Vientiane, from 1st August - 3rd August

Vientiene é uma simpática cidade ao lado do famoso rio Mekong. No dia da chegada à capital laoense, fomos pousar as malas ao hotel. Nada como um bonito por do sol para finalizar um dia com mais uma viagem.





Foi na sessão fotográfica, que realizámos que, no outro lado da margem, estava a Tailândia. Vientiene é conhecida pelos bons restaurantes de cozinha francesa e pelos deliciosos bifes. Como é óbvio, os patos esfomeados, lá foram picar um delicioso bife com batatas frtias.
No dia seguinte fomos-nos deslumbrar, mais uma vez, com as maravilhas da religião budista. A primeira paragem foi no mais famoso templo budistada cidade, Wat Phu.
Para além das grandes estátuas budistas, pode-se ver uma colecção de mais de 2000 pequenos budas, que deixa qualquer um impressionado.

Pela tarde fomos visitar a principal atracção turística de Vientiane, o Budha Park, onde num enorme relvado se encontram enormes estátuas de budhas.

O pato perdeu-se pelo parque...





e aventurou-se pelas mais diversas estátuas budistas. Ao longo do caminho foi encontrado alguns perigos e inimigos.

No dia seguinte, antes de deixarmos o Laos, fomos ver o mais emblemático monumento de Vientiene, que se assemelha muito ao arco do triunfo de Paris, mas ao estilo budista: Patuxai

Foi com grande pena nossa e, por uma questão de tempo, que não podemos passar mais tempo no Laos, um país que vamos recordar, certamente, como um dos mais impressionantes do sudoeste asiático e que aconselhamos vivamente a visitar.

Pata raspa as suas delicadas pe(r)nas

Luang Prabang, 30th of July

Andar de bicicleta, à primeira vista, parece simples e não tem nada que saber. Aprendemos quando somos pequenos e fica para ao resto da vida.


No entanto, as crianças fartam-se de cair da bicicleta, raspam os joelhos, as mães fazem-lhes o respectivo curativo e continuam a andar como se nada fosse.
A verdade é que também aos “grandes” lhes acontecem coisas e só cai quem anda!



Foi isso mesmo que aconteceu. Ia eu a descer numa curva, cujo o solo era de gravilha e cuja curva era “razoavelmente” apertada e PUMBA: caí!
Tenho que admitir que os laoenses que me viram cair na estrada foram muito atenciosos comigo. Saíram imediatamente dos respectivos carros e motas para virem ajudar. Ao início aceitei bem a queda, mas quando olhei para o meu joelho, achei que tinha posto um fim à nossa volta ao mundo.
Nem valia a pena chamar uma ambulância, que remédio tive eu, se não pegar na bicicleta (a que me deitou ao chão) e ir a pedalar até ao hospital mais próximo. Tivemos sorte pois não estávamos muito longe do hospital...

O sistema de saúde do Laos vs. O sistema nacional de saúde

À chegada ao hospital pousei a minha ambulância de duas rodas no parque e fui imediatamente assistida por uma enfermeira, que apareceu de cadeira de rodas. Eu sentei-me nela e mal começámos a andar, o hospital inteiro começou a olhar para mim, pois a cadeira de rodas fazia um barulho enorme:”tac tac tac tac”.
Os hospitais no Laos são bem diferentes dos nossos a começar pelo tipo de construção. Não há propriamente um ou vários edifícios grandes de vários andares. Há um conjunto de casinhas espalhadas pelo terreno, em que cada uma delas representa uma unidade do hospital. Eu fui levada para a casinha das urgências, que é nada mais nada menos uma salinha com uma cama preta, onde nem se quer existe uma toalha ou papel, para por por cima.
Lá me deitei e mostrei o belo serviço à sra. enfermeira, que olhou para aquilo sem grande espanto. Eu só via um rio vermelho a escorrer-me pelo joelho abaixo até ao pé. A sra. enfermeira tratou-me bem e fez o procedimento standard de uma limpeza de ferida. Enquanto estava a ser tratada reparei numa menina pequenina que estava ao meu lado, com a cara toda preta de sujidade e que assistia curiosamente ao meu tratamento. A sra. enfermeira lá entendeu que e menina não devia estar ali e mandou-a sair. No momento em que a miúda saiu pela porta fora reparei que haviam umas 10 cabeças a olhar atentamente para o meu curativo e claro, a enfermeira também reparou e mandou fechar a porta.
Fui bem tratada, não me posso queixar, mas também não foi nada de grave.
Moral da história, tenho menos umas penas. Não são só as crianças que caem da bicicleta... e só cai quem anda! E que ninguém mais se atreva a dizer mal do sistema de saúde em Portugal!
De regresso ao centro de Luang Prabang tive o máximo cuidado possível e todas as actividades radicais planeadas para os dias seguintes tiveram que ser canceladas.
Nos dias seguintes descobri as maravilhosas potencialidades de enfermeiro do pato viajante, que me fez o curativo, cuidadosamente, todos os dias!


No trilho dos Budhas: Laos - Luang Prabang

Laos: Luang Prabang, 29th - 31st of July

Prólogo:

Eu sei que isto não é um foto blog, mas as recordações do Laos, nomeadamente, de Luang Prabang, são mais que muitas e, penso que nem todas estas fotos conseguem transmitir o que vimos, comemos, ou sentimos...

Luang Prabang:

Os ananáses do Laos são (até agora) indiscutivelmente os melhores do mundo... ah, e os mais baratos, para nem falar, que as senhoras que os vendem por 4 cents de €, os descascam para nós. Bem... foi uma bela dieta à base de ananás. Poderia tentar explicar porque é que são tão saborosos, mas é difícil... Vale a pena vir ao Laos só por causa deste fruto e não só...

Para finalizar, na foto que podem ver em baixo, após o corte estar completo, sobrou um prato cheio de sumo, que dava para encher, à vontade, dois copos cheios... Que saudades...


A chegada a Luang Prabang deu-nos a conhecer um dos meios de transporte ainda desconhecidos por nós, mas muito característico do sudoeste asiático. Chama-se Tuk Tuk e é, nada mais nada menos, uma mota, com um compartimento semi aberto atrás, que pode levar passageiros. As malas, ora vão dentro do compartimento com os passageiros (quando há espaço e não somos 15 pessoas), ou então passam para cima, para o telhado deste veícluo. O motorista é tipicamente um senhor, que tenta a todo o custo, angariar passageiros para os levar a todo o lado.



O Laos e, neste caso Luang Prabang, é uma cidade muito devota às suas crenças budistas. Há templos por toda a parte e os monges enchem a cidade de cor de laranja. O pato rendeu-se às evidências do budismo


e fartou-se de passeas pelos "Wats", ou templos mais impressionantes da cidade.


É, de facto, um estilo budista bem diferente daquele que estavamos habituados a ver na China e que se podia encontrar por toda a parte. Os telhados são mais simples que os chineses, mas os dourados brilham por toda a parte e as cobras e os dragões são uma ameaça constante.



Deixámos-nos perder pela cidade para entender porque é que Luang Prabang é património mundial da Unesco.


Temos que confessar que, no que toca as delicias gastronómicas, não foi só o ananás que nos deslumbrou. Os sumos, ou então os chamados "Fruit Shakes" mataram a nossa tentativa de dieta. Estes copinhos cheios de fruta, que podem ver na fotografia em baixo, são misturados com leite condensado e outras coisas óptimas, que tornam este conjunto de fruta num espesso shake absolutamente fantástico e delicioso. Isto por apenas 40 cents de €...

Havia o tradicional shake de ananás

e outros mais, como por exemplo, de rambutam (nao conheco o nome oficial portugues)

Bananas

Lima

Dragon Fruit (que, por muita tristeza nossa era vermelha! Toda a gente sabe que os dragões são azuis!)

Ameixas

Melão
Manga
Côco
Durian
Não sei o nome desta fruta, mas é muito boa

Não sei o nome e também não provei, mas era muito frequente

O estilo colonial francês dá um encanto enorme a Luang Prabang e deixou-nos ainda mais apaixonados pela cidade!

Uma das maiores "atracções" de Luang Prabang é a cerimonia de oferta de comida aos monges, uma vez que estes são o elo de ligação entre os que já partiram e Budha. Foi assim que resolvemos acordar bem cedinho, pelas 5 da matina, para ver as filas de monges cor de laranja desfilar pelas ruas da cidade. Desta forma assistimos a uma das cerimonias mais místicas, que alguma vez vimos ao longo da nossa viagem.



A descoberta de Luang Prabang é, sem duvida, uma obrigação para quem anda à descoberta do sudoeste asiático!!

A dura prova de Điện Biên Phủ

Sapa, Vietnam (->Điện Biên Phủ->Muang Khua) ->Oudômxai, Laos, 27th-29th of July, 2009


Prólogo
Há muitas historias sobre a celebre fronteira de Tay Trang mas tipicamente são rematadas ou precedidas com um: "Aiii..Uiii...não vão por aí...olha, uma vez......", tipicamente proferidas por pessoas que nunca a atravessaram mas conhecem alguem que tem um primo cujo amigo já atravessou e diz que disse ser o pior que se pode imaginar. ORA, tinhamos que experimentar. E porquê? Bem, 1º, estavamos em Sapa, no Vietnam e queriamos ir para Luang Prabang, no Laos, e, se olharem para qualquer mapa podem constatar que a passagem por Điện Biên Phủ é que fica "mais à mão". Em 2º lugar, porque conhecemos duas pessoas que já tinham por lá passado (pessoalmente!) e que nos disseram que o que se perde em conforto ganha-se em paisagem e emoção (ambas comprovadissimas à posteriori). Em 3º lugar, porque usando apenas ligaçoes de camionetas locais o preço da viagem ficava por menos de metade do que fazendo um novo detour por Hanoi (sim, tesice extrema num país onde tudo é barato...bem vindo ao espirito da volta ao mundo). E por fim em 4º lugar, porque uma viagem sem um pouco de aventura não traz historias que valham a pena serem contadas. Posto isto, compramos o primeiro bilhete (Sapa->Điện Biên Phủ) e partimos.

Sapa->Điện Biên Phủ
Saída a correr aínda de madrugada do nosso Hosteling International dado que a mini-van com aspecto extremamente duvidoso (daquelas de 12 lugares) se antecipou em 15minutos e estavam com muita pressa para sair. Instalamo-nos em dois lugares do banco corrido trazeiro ao lado de um Sr. com um aspecto bastante vivido. Não havia espaço para os pés uma vez que havia sacos de 50kg de arroz a preencher os poucos espaços da carrinha. Não era muito confortavel, mas pensamos: "deve ser uma curta ligação nesta lata velha até à camioneta que vai levar até à fronteira...". Estavamos completamente enganados. Aquela ERA a camioneta que nos ia transportar até à fronteira num percurso superior a 300 tortuosos kilometros. À parte dos 50% de percurso em terra batida, que deixa marcas memoraveis no traseiro de qualquer um, a 2ª maior recordação é a facilidade aparente com que os septuagenarios (e septuagenarias) locais trepam os bancos e os sacos empilhados dentro do veículo para chegarem ao seu lugar, tudo em andamento. Está comprovado que o consumo exagerado de arroz é o próprio elixir da juventude. A paisagem é, durante todo o percurso, recheada dos mais belos arrozais da região, rodeados por palmeiras e bananeiras com pequenas nuvens a pairarem nas suas copas. Vale mais esta viagem do ponto de vista paisagistico do que passar 3 semanas a conhecer a região envolvente de Sapa. As paragens obrigatorias para comer e "mudar a água às azeitonas" eram efectuadas em "restaurantes de beira de estrada" ou se preferirem, "tascas no meio do monte", como comprova a foto abaixo do restaurante e da sua cozinheira.


Ao fim de 9h de viagem lá chegamos a Điện Biên Phủ, a mítica cidade da historia Vietnamita onde os Viet Minh derrotaram os Franceses em 1954 e se proclamaram livres do dominio colonial Francês.

Para quem cá quiser vir sem o incomodo desta opção de transporte, pode tambem voar uma vez que tambem há um pequeno aeroporto nesta terra. Nós avistamo-lo à chegada. Pareceu-nos um pouco menos frenético do que o de Frankfurt ou o de Heathrow, dado a quantidade de gado que pastava impunemente na erva que se alastrava por toda a pista de aterragem.

Điện Biên Phủ -> Muang Khua -> Oudômxai
Mal chegamos a Dien Bien Phu, por volta das 5pm, pensamos: "vamos meter-nos já numa camioneta que atravesse a fronteira aínda hoje e ficamos já a dormir no Laos". Uma vez mais, este pensamento só mostra a nossa ingenuidade e falta de conhecimento de causa... Após questionarmos qual a próxima camioneta a sair para o Laos foi-nos dito que não havia nenhuma ligação no proprio dia mas apenas no dia seguinte às 5:30am. "Ahh..pois, estou a ver. Isso parece-me bastante cedo. E qual é a próxima a seguir a essa?". Acontece que a póxima era passado 2 dias e tambem às 5:30 da manha. Ficamos um pouco incredulos com aquela informação. Talvez fosse um problema linguistico. Ao fim de mais umas tentativas junto da estação de camionagem lá nos acreditamos e compramos o bilhete. "A fronteira é apenas a 40km de distancia de Dien Bien Phu, e depois deve ser um tirinho até Luang Prabang... vai ser canja." Crentes. As acomodações em Dien Bien Phu são exatamente aquilo que se espera delas: uma pocilga com um colchão no meio. Dadas as condições, o preço de 2eur/noite/pessoa pareceu-nos uma exorbitância.
No dia seguinte, às 5:25 da manha, olhavamos incrédulos para o nosso meio de transporte. Eles: "Têm moxilas? Com certeza, vai na parte de cima". Nós: "Na parte de cima? e a chuva?". Eles: "Nós pomos uns plasticos. Molhava-se mais se fossem cá dentro". Ficamos por ali e as malas subiram para o tejadilho. Aquela camioneta levava tudo o que se pode imaginar: camponeses com sacos de cereais, vendedoras com sacos de roupa para vender, trolhas com as respectivas pás e equipamento pesado de construção, e nós, com as nossas duas moxilas. Já tinhamos andado em autocarros bastante cheios, mas nada que se comparasse. Todo o espaço do autocarro estava literalmente ocupado ou com pessoas ou com sacos. Sacos enormes no chão. Sacos mais pequenos em cima dos grandes. Pessoas em cima dos sacos pequenos. Pessoas no colo umas das outras. Havia inclusivamente uma Sra. que ia praticamente no colo do motorista. Nós, com um espirito inabalavel encaixamo-nos entre o motorista e uma caixa de ferramentas, ao lado de um enorme saco de arroz sobre o qual se sentava uma manicure que passou meia viagem a dormir encostada aos meus joelhos. Espetacular.

A viagem até à fronteira foi agradavel e bastante rapida. Ainda nao eram 6:30 da manha já estavamos a carimbar passaportes e à espera tranquilamente que o oficial da alfandega verificasse as mercadorias do topo do veículo (como podem ver na foto abaixo).
Na seguinte, podem ver alguns dos nossos companheiros de viagem que trabalhavam no Laos na construção, e que se faziam acompanhar de um cachimbo artesanal de aço inox com meio metro de comprimento que não hesitavam acender a cada paragem. Está encontrado o motivo de tanta felicidade, mesmo para quem faz este percurso duas vezes por semana. Eles, bastante hospitaleiros, insistiram bastante para que nos sentassemos e fumasse-mos tambem o cachimbo da paz, mas nós, depois de mais um olhar cuidadoso para um cachimbo com o aspecto de um morteiro, educadamente recusamos.

Às 7 da manha estavamos no Laos. Agora eram apenas 60km até uma terriola chamada Muang Khua. Ora, 60km, a uma média de 30km/h (conservadora), "duas horitas e estamos lá!". Chegamos a Muang Khua às 2 da tarde...! O percurso de 60km é inteiramente feito por um caminho de lama pelo meio da selva. Os atolamentos na lama e a necessidade de transpor rios são uma constante. As, tambem constantes, ravinas verticais ao lado do autocarro só se transformam em verdadeiramente aterradoras quando vemos o resultado de um deslizamento de terras lá no fundo que arrastou consigo uma parte significativa de selva. Se nos conseguirmos abstrair disso, a paisagem é única, como nenhum sitio onde eu tenha estado antes, no meio da floresta tropical virgem. A melhor forma de nos abstrairmos é confiar nos locais. Nenhum deles aparentava a minima inquietação. Alguns dormiam copiosamente, como eu nunca tinha visto dormir: literalmente aos saltos e com a cabeça a bater com semelhante violência nos vidros que ecoava em todo o autocarro. Nem isso os acordava. Não sei o que é que eles tanto fumam daquele cachimbo para aguentar este tratamento de beleza semanal, mas deve ser uma bombinha caseira. Se soubesse na fronteira o que me esperava talvez tivesse repensado a oferta do cachimbo.
Vamos a fotos para ver se consigo ilustrar 10% do que estou a tentar descrever.






Note-se que na foto anterior todos os passageiros sairam da carrinha e atravessaram o rio pela ponte de bambu. Enquanto isso, o motorista e o seu ajudante montaram pacientemente um snorkle no tubo de escape e atravessaram tranquilamente o rio com água pelos tornozelos. Daí eles dizerem que as malas em cima se molhavam menos.



Finalmente, por volta das 2 da tarde, e após 7h de uma massagem Vietcong, chegamos a Muang Khua. Excepto o facto de estarmos do lado oposto do rio e sem ponte. E não era propriamente um rio calminho e estreito. Era daqueles castanho-escuros largos, ao estilo do amazonas, com uma corrente tão forte em que não me surpreenderia ver um tronco arrancado da margem a aparecer do nada. Não há problema. Há sempre um pescador/agricultor/operador-de-ferry-em-part-time que disponibiliza travessias no seu barco/canoa com meio metro de largura, com um motor honda de 8cv, fabricado em 1932, pela módica quantia de 2000 kips (ora, 8 cêntimos).


Atravessado o rio temos novamente que pagar, desta vez por um tuk-tuk que nos leve até ao local de onde partem as camionetas em direcção a Oudômxai. Depois foi só esperar, comer (por sinal, descobrimos logo aí que o melhor ananás do mundo é, muito provavelmente, o do Laos, e custou 4 cêntimos...cada ananás...descascado e arranjado), e ficar maravilhado com o autocarro que nos esperava. Era o luxo em pessoa. Era "dos grandes"! Tinha assentos! Um para cada pessoa! Com excepção claro daqueles que, por força de se terem atrasado, teriam que ir sentados em 3ª classe, em cima dos sacos que ocupavam o corredor.


A viagem lá continuou paulatinamente até Oudômxai, sem grandes sobresaltos, com a excepção de que metade das pessoas lá dentro (incluindo as duas Sras. à nossa frente) vomitaram frequente e compulsivamente pela janela deixando um rasto de comida que se espalhava por 3 vidros e apanhava por vezes de surpresa os mais incautos que iam de cabeça de fora. O motivo era óbvio. A estrada de montanha até Oudômxai faz a nossa velhinha estrada nacional 230 que atravessa o Caramulo parecer uma autoestrada. A recompensa disto tudo são as paisagens, e o "ter estado lá". Se isto não é viajar, então o que é?