quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ida, chegada e Partida de Saigão, ou Ho Chi Min para os mais novos

Saigão, from 8th to 9th of August

Saida de Hoi An, rumo a DaNang para apanhar o famoso comboio vietnamita que percorre toda a costa até Ho Chi Min. O nosso autocarro público (que nos foi desaconselhado por toda uma corja de operadores turísticos da região, como sendo perigoso e desconfortavel), era, afinal, normalissimo. Praticamente vazio (a turistada é transportada pelas agencias em “mini-vans” de um lado para o outro), com as nossas moxilas encostada à ultima linha de bancos, e com a ocasional árvore que algum local precisava de transportar, lá percorreu os poucos kms que nos separavam da estação de comboios.


As espectativas relativamente ao comboio não eram altas. Já muito tinhamos ouvido falar deste comboio-cama, especialmente em relação aos elevados (ahahah) niveis de higiene dentro do mesmo. Mas as saudades de viajar de comboio eram muitas. Longe iam os dias do Trans-Siberiano ou dos comboios chineses, e então, decidimos que deviamos experimentar este tambem. Ao longo de uma noite que custou a passar, lá pudemos comprovar, dentro do nosso compartimento de 4 camas, que as historias tinham, afinal, algum fundamento. Sem querer entrar em detalhes que vos desvie algum dia desta experiência, vou apenas mencionar os pêlos e cabelos espalhados pelos lençois que já não deviam ser trocados há algumas viagens, o cheiro nauseabundo a casa de banho que era limpa uma vez por mês, as baratas que trepam paredes e só damos conta delas quando estão no nosso cabelo ou, por fim, a colónia de ratos que entra e sai impunemente de cada compartimento em busca de comida que alguem tenha deixado cair.

Finalmente, chegamos a Saigão, como dizem os veteranos de guerra, ou Ho Chi Min, como aparece no mapa. Não há muito para falar da cidade, e ao mesmo tempo parece haver muito. Mal se chega ao centro, especialmente se isto acontece por volta das 5 da manhã de um fim-de-semana como no nosso caso, é-se confrontado com o cenário que melhor caracteriza a cidade, a prostituição. As ofertas são frequentes e chegariam a ser cansativas não fosse pela criatividade com que algumas sao elaboradas. Uma vez que o nosso hostel aínda não estava aberto fomos sentarmo-nos num dos bares de um dos populares cruzamentos do centro onde melhor podiamos apreciar a vida noturna da cidade. Aínda enjoado pelo cheiro do comboio, resolvi pedir um belo de um esparguete à bolognesa. Foi pior a emenda que o soneto. Pela vossa saúde, nunca comam esparguete à bolognesa em Saigão, nem que estejam famintos.

Lá pelas 7 da manha, o hostel lá abriu. O mal de reservar online o hostel mais barato de uma cidade é que ninguem nos avisa que o quarto é no 7º andar, sem elevador. Sorte a nossa, eles tinham um cabo com um gancho na ponta, puxado por um motor electrico preso no tecto. Algo assustador quando imaginei a pega da moxila a rebentar e a fazer sky dive do 7º andar até ao lobby. Nada disso aconteceu. Tecnologia vietnamita no seu melhor.

Quase de directa lá fomos dar uma volta pela cidade. A primeira semelhança com qualquer outra cidade vietnamita, mas aqui levada ao extremo, é a quantidade estupida de motas que circulam de um modo aparentemente caótico, mas que, de alguma forma, deve ser coerente para eles. A segunda, é o seu elevado nivel de planeamento urbanistico, e excelentes electricistas e “pessoal do biscates” que devem ter.






Mas a principal atracção da cidade, como não poderia deixar de ser, é mesmo o museu da guerra. Alguns visitam-no pelo carácter histórico-documental, outros pela curiosidade mórbida e outros aínda (como eu), porque iam acompanhar alguem que queria visitar. Podem chamar-lhe cultura ou história, mas para mim é algo que devia ser esquecido e não recordado através milhares de fotos de crianças deformadas pelo napalm e soldados degolados, num espetáculo deprimente do pior que o ser humano é capaz. Abstenho-me de publicar qualquer foto do género...



Para esquecer as imagens, passamos horas a deambular pelo mercado negro de Saigão onde se pode encontrar de tudo, fomos visitar os correios locais (uma atracção devido ao edificio centenario que ocupa) e a jantar um chicken tandori num restaurante indiano perto de “casa”, antes de partirmos no dia seguinte para ver o delta do rio Mekong.

Sem comentários:

Enviar um comentário