quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Malacca Sweet Malacca

Malacca, 27th - 29th August

Deixada Kuala L'impure (como gostam de pensar os franceses) para trás, tínhamos mais uma importante paragem antes de chegarmos a Singapura. Importante porque foi um bastião da exploração marítima portuguesa e porque viríamos a visitar uma amiga local que nos ia mostrar a cidade, cultura e excelente (com algumas excepções) comida local.
Malacca é uma cidade grande para os standards da Malásia, mas apenas o centro histórico e China Town merecem ser visitados. Nomeada património mundial da UNESCO há pouco mais de um ano, a cidade estava ainda a comemorar o acontecimento, o que lhe dava um encanto ainda mais especial.
Durante os 3 dias que lá passámos, a Christine Choo (amiga e ex-colega de trabalho) foi incansável, levando-nos a todo o lado.


Começámos por China Town, onde percorremos as estreitas ruas apinhadas de pequenas lojas, igrejas, mesquitas, templos taoístas chineses, onde todos convivem pacificamente entre o passado cristão (imposto pelos portugueses), o passado muçulmano (imposto pelos Indonésios de Sumatra que foram os primeiros ocupantes da cidade) e os posteriores imigrantes chineses que trouxeram tudo o resto. Esta amálgama de culturas produz um resultado único na cidade.
Em particular, estávamos interessados em ver os resquícios da influencia portuguesa. Visitamos as ruínas de S.Paulo, que, embora já tenham sido imponentes, hoje em dia pouco relevo têm no panorama da cidade. Em seguida visitámos a igreja católica de S.Pedro datada do inicio do século XVIII onde ainda se pode ver o brasão da coroa portuguesa, com as 5 quinas, ainda intacto.



Visitámos em seguida a igreja de S. Francisco Xavier e a Porta de Santiago, a porta de entrada da fortaleza "A Famosa" que protegeu Malacca portuguesa das sucessivas tentativas, quer de retoma de posse por parte do sultão Mahmud Shah de Sumatra, quer de invasão dos Holandeses, que, haviam por fim de conseguir tomar a cidade. No entanto, A Famosa ainda hoje está de pé e é um ícone da edificação da cidade.


Dos holandeses sobrevive tudo o resto. Devido à sua permanência por mais de um século, grande parte do estilo de construção moderna apresenta hoje em dia o melhor estado de conservação.


O tempo que nos restava foi passado a deambular pelas ruas estreitas de China Town e do centro histórico onde os diversos artesãos, dados às técnicas mais rudimentares do trabalho da vide ou do ferro, parecem saídos do século passado. Uma estranha atracção para os turistas é serem passeados em "bicicletas-side-car" que incorporam uma coluna de alta potência e música alucinante fazendo um percurso que percorre todas os pontos turísticos da cidade.



Chegada à hora de jantar, e como éramos guiados por uma local, pouca influência tínhamos no processo de decisão. Assim, na primeira noite fomos levados à maior atracção gastronómica da cidade, o Satay Celup. Ora, o Satay Celup não é mais dos que espetadinhas de todo o género e feitio: desde o óbvio, camarões, delicias do mar, almôndegas, verduras e salsicha até coisas que eu não ousei perguntar o que eram que se assemelhavam a farturas, ou bolas de qualquer coisa fritas, ou aínda outras com aspecto e textura bastante esponjosa, até pimentos locais extra picantes, etc...Todas estas espetadinhas estavam cruas. A maneira de cozinhar é simples. É um género de fondue num recipiente de metal permanentemente fixo no centro da mesa em que borbulha um espesso molho cor-de-laranja acastanhado com forte sabor a amendoim e extremamente picante. A parte curiosa é que aquele molho nunca é retirado ou substituído: é somente acrescentado. No final da noite coloca-se a tampa, e o molho arrefece até se transformar numa sólida massa castanha. No dia seguinte, retira-se novamente a tampa, aquece-se até que derreta e vai-se acrescentando mais. E assim é o processo, imutável durante anos.


Para acompanhar o jantar, há uma miríade de sumos de frutos tropicais deliciosos. A parte alta do jantar (para não dizer da noite toda) é quando o incauto visitante (ou seja, nós), são convidados a provar uma iguaria chamada Ovo do Centenário. O Ovo do Centenário (o nome pareceu bastante interessante, mas foi antes de saber o que era), respeita uma tradição antiga, em que, para os ovos não se estragarem durante longos períodos de calor elevado, era “preservados” em urina de cavalo.... ora, como toda a gente sabe, a casca do ovo é permeável, o que faz com que, ao fim de algum tempo o ovo adquirisse uma cor, textura, cheiro e sabor indiscritiveis. Ainda hoje este ovo é considerado uma especiaria, e como tal, tive que provar. Não estou arrependido, mas NUNCA mais volto a fazê-lo...
Depois disso fomos ver Malacca by night. A famosa roda gigante “Eye on Malaysia” é uma das mais recentes atracções, mas a melhor parte é a feirinha de rua nocturna na cidade velha que ocorre a cada sábado e nós pudemos testemunhar. Se alguma vez estiverem nesta feirinha em Malacca e virem algo parecido com um gelado chamado ABC, não resistam à tentação e peçam 2 (só para corajosos)! No fundo, no fundo, não é bem gelado, mas sim gelo moído, com topping de chocolate por cima, tudo isto a esconder os famosos “tesourinhos” de arroz glutinoso verde, feijão vermelho, milho ou batata....no comments!








Depois da uma da manhã, os vendedores desaparecem, as pessoas retornam a casa e a rua é dominada pelos lixeiros, pelas ratazanas e gatos à procura de comida, pelos talhantes que desmancham porcos inteiros na sua garagem e pouco mais. Nesta altura, as ruas serenas ainda iluminadas a rigor têm outro charme e convidam à fotografia.


Assim se passaram 3 excelentes dias, em excelente companhia. Houve ainda tempo para a visita ao Portuguese Settlement onde as ruas se chamam Pereira ou Carvalho, onde há um museu português e um hotel Lisboa. Também o desfile de iguarias não parou, com jantares de perninhas de rã (ou sapo, dado o tamanho das mesmas, que mais pareciam de frango) com feijão verde frito salteado com piri-piri ou o famoso pequeno almoço de bolas de arroz de frango com frango desfiado a acompanhar.



Malas feitas e sem olhar para trás, mas já com saudades, apanhamos o autocarro directo para Singapura.

Thank you again Christine!! :)

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