sábado, 20 de junho de 2009

Patroska - “From Russia with love...”

Não sei como, mas a árvore que existe à frente de minha casa, que deita um algodão insuportável no Verão, também existe em Moscovo... Eu bem que tentei fuigir dela, mas...
Moscovo resume-se, basicamente a Lenin, depois à Catedral de São Basílico e ao Kremlin, cujo o conjunto final forma a Praça Vermelha. Mas aquilo que me impressionou verdadeiramente foi a “Catheral of Christ the Saviour”, mais uma das fantásticas igrejas ortodoxas, que foi mandada contruir para comemorar a vitória dos russos sobre Napoleão. Não é que o Stalin a mandou destruir, para a substituir por uma estátua do Lenin de 100m de altura?! Acabou por nunca ser contruída e, em vez disso, naquele local construiram, na altura, a maior piscina do mundo... Mandaram deitar uma série de palácios abaixo, mas construiram as mais elegantes estações de metro que alguma vez vi; verdadeiros palácios subterrâneos...
Comprar bilhetes de comboios numa estação russa é uma verdadeira aventura. Depois de se ter que esperar horas numa fila, temos que gramar com o russo que, em vez de ficar na fila, cola-se ao nosso lado, para ver as nossas figuras a tentar comprar bilhetes desde Moscovo até Irkutsk, lá nos confins da Sibéria... A tarefa foi ligeiramente facilitada pela menina do hostel, que já tinha uma folha preparada para os parolos europeus conseguirem comprar um bilhete numa estação de metro russa, onde não se fala mais nada para além de russo. A tarefa foi superada com sucesso e o trajecto escolhido foi o seguinte:
Moscow – Kazan (capital do Tatarstão)
Kazan – Yekaterinburg (cidade onde os Romanov foram mortos e que divide a Europa da Ásia, no meio dos Montes Urais)
Yekaterinburg – Irkutsk (onde Miguel Strogoff entrega a carta ao irmão do Czar, Júlio Verne)Isto de se sentir na obrigação de escrever em todas as cidades por onde passamos, tem muito que se lhe diga... Por isso agora vou passo a falar da seguinte forma: “From Russia with love...”

“Falling in love with you and there's nothing I can do!”

O Comboio 063 para Moscow

Alguns dizem que a primeira vez é a melhor. Outros, a pior. Outros aínda, nunca tiveram uma primeira vez sobre a qual possam opinar. Certo é que a poucas horas de chegarmos a vias de facto estavamos ambos um pouco nervosos mas entusiasmadissimos. Toda a gente já andou de comboio, mas andar de comboio na Russia não é todos os dias (excepto talvez para os Russos). Todo aquele nervosismo inicial devia-se a varios factores: ia-mos partir tarde, às 23:15, saímos já tardiamente do hostel onde estavamos, ninguém na Russia (literalmente!) fala inglês caso seja necessária alguma informação importante (qualquer coisa do género: em que comboio é que tenho que entrar?!), e por último, os Russos fazem das formalidades de uma viagem de comboio algo semelhante à entrada numa conferência do G8. Não bastando ter um bilhete que vem em triplicado, timbrado, com holograma tridimensional à semelhança de um cartão de crédito, com todos os dados contidos no passaporte e 2 tipos diferentes de codigos de barra, os Russos pedem, como não poderia deixar de ser, à entrada do comboio, o passaporte original devidamente visado, contra o qual validam todos os dados e nos olham fixamente na cara durante largos segundos. Andar de comboio não devia ser intimidante, mas na Russia, é! Ou pelo menos, foi. A primeira vez. Como diria o outro: "Depois da primeira vez, é sempre a abrir, Maria Inês".
Depois de passado pelo controlo da Provodnitsa (a Sra. que muito diligentemente se encarrega de manter a ordem e arrumação dentro de cada carruagem, e figura autoritaria máxima da viagem) lá fomos entrando até encontrarmos os nossos lugares/camas. Aturdidos pela confusão gerada no momento da entrada no comboio e à medida que nos instalavamos, olhavamos atentamente com curiosidade e estupefacção para todo aquele cenario. A nossa reação contrastava de forma evidente com as caras enfadonhas e amarguradas dos restantes passageiros para quem aquela era apenas mais uma mundana e corriqueira viagem obrigatória por força da localização do trabalho ou da familia. Toda a Russia (vá, St. Petersburgo pelo menos) é um pais triste, carregado pelo peso do comunismo, e isso vê-se em tudo à nossa volta. Reflecte-se nas pessoas, nas construções, nos monumentos, e também naquele comboio. Ficamos com dois lugares de cima. Não foi o que queriamos ou que tinhamos pedido; foi o que nos calhou. Por baixo de nós ficaram dois simpaticos russos que não abriram a boca durante toda a viagem. A nossa carruagem tinha uma lotação de 53 pessoas e estava repleta. Era do tipo Platzkart, aberta por inteiro com todas as camas à vista, sem uma unica porta ou divisão; sem privacidade nenhuma; à russo. Cada cabeça começava literalmente onde os pés anteriores acabavam. Esteve de dia até às 2 da manhã. Depois disso, também não ficou de noite. Devido à elevada latitude da região e proximidade do solstício de verão, nunca fica verdadeiramente de noite, mas sim um contínuo lusco-fusco que se prolonga até amanhecer. Acordamos pouco antes da entrada do comboio na estação Moskovskaya, em Moscovo, às 6:48am.

A primeira vez num comboio russo estava cumprida. O Pato, como é obvio, adorou.

domingo, 7 de junho de 2009

O Pato Czar

Eu sei que não temos escrito muito até hoje e não é por falta de vontade (ou talvez seja), mas também não temos tido muito tempo. Isto de viajar não é tão pêra doce como muita gente julga. Vamos então tentar recapitular brevemente os ultimos dias. Chegamos dia 2 a St. Petersburg. Imediatamente após termos saído da porta do aeroporto fomos abordados por meia duzia de senhores com ar de vendedores ambulantes com o que eles diziam (e doravante têm mesmo que imaginar o sotaque russo com que eles dizem isto): "biést préice fór táxie in all rrússia". Na verdade o negocio parecia realmente bom aos olhos de qualquer estrangeiro: "only thousand rublos to take you downtown. others make two thousand", ao que respondiamos educadamente: "Niét" (ou HET, escrito em russo cirilico). Então eles voltavam à carga: "áre you sure? is best price. duon't find anything biétter". Apesar da insistencia de um destes senhores lá fomos andando em busca de uma paragem de autocarro que nos levasse ao centro por um preço, esperavamos nós, melhor. Encontrada a paragem de autocarro restou-nos esperar. Entretanto o pseudo-taxista veio novamente com uma frase muito caracteristica de quem está no ramo das fraudes em geral: "ok, ok, jiust fór you i make eight hundriéd. very very spiéciél price". Agradecemos-lhe e entramos para o autocarro de 12 lugares (chamem-lhe o que quiser mas eu ia jurar que era uma réplica de uma Transit de 1982 usada no filme Balas e Bolinhos pelo cigano Marito a quem o Rato devia dinheiro) e pagamos somente a módica quantia de 24 rublos por pessoa.

A travessia até ao centro da cidade foi tranquila, ordeira e bastante lenta pelo que deu para apreciar a grandiosidade de St. Petersburg ao longo da avenida Moskovski Prospekt com uns bons 5km de extensão e com 3 fachas para cada lado que nos leva à praça Sennaya Pl., a apenas 10min a pé do nosso hostel. A cidade parece saída de um cenário de um filme que retrata as grande cortes reais dos séculos passados e que teima em resistir a uma mudança. É o Czarismo em todo o seu esplendor.

O pato gostou especialmente (mas sofreu de uma forma igualmente especial) da parte cultural da cidade. O Hermitage (na foto) é um dos mais antigos e mais ricos museus do mundo. Assim sendo, e, como não podia deixar de ser, é também bastante grande, o que não se coaduna com as pequenas patas alaranjadas do pato. Digamos que as primeiras 1000 obras de arte são realmente apreciadas de uma forma atenta e emocionante. A partir daí é como deambular por um museu de tortura medieval. De duas em duas salas de exposição procurava avidamente qualquer um dos pequenos e escassos bancos de descanso e fingia apreciar qualquer obra de arte que se encontrasse à sua frente. Como se o museu não chegasse, St. Petersburg tem algumas das mais incriveis igrejas ortodoxas do mundo. EaAo contrario do que muita gente pensa, não é apenas em Moscovo que há cúpulas coloridas e em forma de cebola. Aqui fica a prova.


Depois de uns 8 museus, 85 catedrais, 512 igrejas e 827 monumentos o pato, já completamente exausto, rendeu-se às evidencias, fez as malas e abalou.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Duck @ Heathrow ready to bord: "Quak"


The sun is shinning and I'm very excited to start this trip. "Quak"

segunda-feira, 1 de junho de 2009

o fim do pesadelo

Não, a viagem não chegou ao fim. Aínda nem começou. Nem espero aliás que vá ser pesadelo algum. No entanto posso finalmente orgulhar-me de ter no passaporte um carimbo para a russia e outro para china. Pode parecer tarefa simples e incapaz de nos fazer perder a paciencia à primeira vista mas, quem nunca pediu em simultaneo um visto para a russia e outro para a china que atire a primeira pedra. Pedir um visto para a russia é coisa para tirar logo a vontadinha toda de viajar. Tive quase para ir a Lisboa pessoalmente para resolver a coisa à chapada com meia duzia de russos. De qualquer forma, está feito. Saimos hoje, finalmente... até breve!