domingo, 19 de julho de 2009

Xi'an - A demência do Imperador Quim

Xi'An, 1st-3rd of July, 2009


Ainda andava eu na escola e já ouvia dizer: "eiii obeláá, o Quim é um granda malucooo". Na altura isso nao me dizia nada, mas agora entendo tudo. Muito provavelmente, e como era tudo bons estudantes, estavam todos a referir-se não ao Quim Maluco, mas ao primeiro imperador chinês. Esse Sr., depois de unificar a China, subiu-se-lhe a mania das grandezas ao nariz qual Cristiano Ronaldo (pérola da Siberia, China, Vietnam, Tailandia e arredores, Embaixador e semi-Deus Português omnipresente em todo o sudoeste asiatico), e autoproclamou-se (!) Imperador, corria o formoso ano de AC 221. Esse mesmo Sr., aos 50 anos e às portas da morte, lembrou-se, e correctamente, que poderia correr algum risco na sua vida-apos-a-morte devido a todos os inimigos que foi acumulando na sua escalada ao poder e poderia eventualmente precisar de alguma protecção (sim, protecção depois de morto...). Assim sendo, ordenou à sua corte que, quando chegasse a sua hora, seriam enterrados com ele um exercito vivo (nao por muito tempo) que o acompanhasse ao outro mundo e lhe providenciasse protecção. Ora, se isto hoje em dia e mesmo com a quantidade de drogas alucinogenicas a venda por aí, já parece algo rebuscado, na altura foi mesmo o auge. Valeu para a historia a sanidade mental de um dos mais chegados conselheiros do Imperador que sugeriu que não fossem enterrados os soldados propriamente dito, mas sim replicas em tamanho real, feitas em terracotta (uma lama transformada em barro e cozida no forno). Apesar de alguma resistencia (uma vez que o Quim, e justificadamente, nao entendia como é que guerreiros inertes e inanimados o iriam proteger), o Imperador lá cedeu. Ainda assim, ele queria algo à sua imagem...Grandisoso! Segundo reza a historia chinesa, foram necessarios 700,000 homens (foi nesta altura que foi criada a expressao "trabalho para chines") para construir à mão o seu bundle pack "maosoleu+exercito". Curiosamente todos os registos perderam-se no tempo e durante mais de 2000 anos ninguem se lembrou de referir o facto. Em 1974 um pobre campones da provincia de Shaanxi, a cerca de 30km de Xi'an resolve abrir um poço no seu campo de cultivo e acidentalmente decapitou um dos soldados que se encontrava uma dezena de metros abaixo dele...esperemos que o facto nao tenha irritado o Quim.
O Pato esteve lá e testemunhou a loucura. É realmente algo digno de ser apreciado.

Apesar do mito urbano da produção em série chinesa e da fraca qualidade dos seus produtos, note-se que não há um único guerreiro igual a outro e que o estado de preservação é notorio. Cada um tem a sua propria expressao facial, a sua farda distinta e a sua arma. Inclusivamente, cada um deles foi pintado à mão para aparentarem a sua sosia humana. Infelizmente a terra foi comendo as cores e agora são todos de um palido castanho terra.


Outro facto curioso da questão, é que o próprio Quim aínda nao foi encontrado. A sua localizaçao provavel é conhecida, mas a dificuldade das escavações e a delicadeza necessaria (que tambem nao é o forte do povo chinês) impediram até hoje que algum tipo de prospecção fosse tentada. Foi nessa altura que o Pato se relembrou da sua veia de arqueologo e definiu um dos seus objectivos de vida: Encontrar o Quim (ou pelo menos ajudar)!


Posto isto, Xi'an nao é muito mais do que o exercito de Terracotta, apesar de ter mais alguns atractivos: as ruelas crivadas de comerciantes do alheio peritos em mercados negros, cinzentos e escuros em geral, as milhares (serão milhões?) de barraquinhas de comida de rua espalhadas por toda a parte, alguns dos melhores frutos secos que o Pato comeu desde que saiu de casa, bem como, provavelmente o establecimento da Häagen Dazs mais quitado (e caro!) de toda a asia (com o Strawberry-Cheesecake a valer 4eur/scoop...nem para ricos, quanto mais para os tesos da volta ao mundo).


Xi'an marca tambem o final de uma etapa na viagem. Ao fim de cerca de 8000km de comboio desde St. Petersburg, muitas massas instantanias e muitas noites passadas ao balancear das linhas ferreas Russas, Mongois e Chinesas, o Pato cedeu às pressões da Era moderna, e voou para Guiling.

sábado, 18 de julho de 2009

Pato à Pequim/ Beijing Duck: Hellôô, cheaper for u, you are the boss, you say how much!

Beijing, 26th -30th of June 2009

Agora que já nao estamos na China, podemos, finalmente, escrever sobre este país, que em tantas coisas nos fascinou: história, cultura, comida, temperatura, paisagens e mentalidade.
Os blogs são proibidos na China e, como tal, o governo chines nao nos autorizou a publicas posts. Tivemos que aguardar pela entrada no Vietname.

Após termos passado o deserto da Mongolia entramos, finalmente, na China, onde fomos recebidos com música classica europeia e com oficiais chineses, todos eles preparados para nos verificarem os passaportes.
Na primeira estação da China, em Erlian, o pato ficou completamente abismado, enquanto assistia a troca da bitola (nome tecnico, porque em bom português chamaria-se "rodas do comboio"). Os amigos russos e, por arrasto, os mongois, gostam de ser diferentes e, então, desenvolveram as linhas ferreas com larguras diferentes do resto do mundo. Conclusão: o comboio com mais de 15 vagoes foi todo separado, inclusivé a locomotiva. Cada uma destas partes foi elevada por 4 macacos hidraulicos (2 de cada lado) e as "rodas russas e mongois" foram substituidas pela bitola chinesa, que deve ter o mesmo tamanho da portuguesa.
Na chegada a Pequim, o pato secou pela primeira vez em toda a sua viagem! 38ºC! Acabou o frio das noites mongois e da Sibéira.
Pequim e uma cidade enorme, com uma neblida que paira sistematicamente sobre a cidade. Os chineses dizem que faz parte do calor. Nos achamos que era poluição... E uma cidade limpa, onde tudo brilha e tudo é novo, o verdadeiro resultado de um investimento gigante para os jogos olimpicos de 2008. Os chineses de Pequim tentam ser civilizados, pois tiveream aulas (com videos nas estações de metro) para aprenderem a não cuspir para o chão, não andar de pijama na rua, como formar uma fila, etc.

As primerias impressoes:
O 1º choque: a confusao de um transito muito barulhento. (mal sabiamos nos o que era o Vietname)
O 1º pensamento: "Estes tipos sao completamente atrasados mentais a andar de carro" (nunca tinhamos visto vietnamitas a andar de carro, mota, ou qualquer outro veículo com rodas!)
A 1ª impressão: Os chineses falam muito alto e ainda cospem para o chão (nunca tinhamos visto um vietnamita...)

O pato entrou em Pequim com algum receio, pois ouviu falar no famoso "Pato a Pequim" (prato tradicional da zona, absolutamente delicioso). Andava assustado, com medo de o confundirem e de o depenarem.. Mas, ao longo da estadia, foi-se acalmando, pois ficou maravilhado com as iguarias chinesas, que estão à venda numas espetadinhas deliciosas, nos mercados de rua, espalhados pela cidade.

Para além destes petiscos, existe, de facto, comida chinesa muito boa, que esta longe daquilo que nos servem nos restaurantes chineses em Portuagal. (Agora que já estamos no sudoeste asiático e ja saímos da China, afirmamos que a melhor comida até agora, foi, sem duvida, a chinesa. Para já, e numero 1 no ranking!)

Ao longo da estadia na capital chinesa, o pato fez questão de ir tirar uma fotografia com o grande líder, o Presidente Mao, as portas da Cidade Proibida, de frente para a Tianamen Square. Aí teve um "deja vu", pois recordou-se da sua visita a Praça Vermelha, em Moscovo, onde foi cumprimentar o Grande e, também ele comunista, Lenin! Todos estes grandes senhores de esquerda têm direito a um mausoleu na praça mais imponente da capital do seu país.

Mesmo com muito calor, o pato visitou toda a Cidade Proibida e ficou maravilhado com a grandiosidade da arquitectura chinesa, com os seus telhados ricos e coloridos.

O pato tinha, finalmente, chegado a um país muito barato e cheio de coisas falsificadas para comprar... e foi nesses mercados que se perdeu. Aqui conheceu a verdadeira arte do comércio chines, onde se aprende a como "regatear o preço final em menos 200%, do preço inicial, dado pelo vendedor chines".
O processo e o seguinte:
O turista entra no mercado e é logo abafado por mil vendedores chineses que tentam, sem parar, vender qualquer bagatela, por 5 vez mais, do que o preço justo. Como o turista não tem olhos em bico, não se safa e tem que gramar com eles (a China tem a maior população do mundo, logo há comerciantes por toda a parte). Ora vejamos:
" Hellôô! Where are u from?", ao qual o pato responde com orgulho: "Portugal!".
O chines, como sempre no seu estado normal, ri-se e não diz nada. Mas como o pato e muito simpatico, da uma ajudinha: "Do you know Portugal? In Europe, near Spain!", isto para não dizer: Do you know Cristiano Ronaldo?..."
Bem, o chines fica na mesma e responde: "You are very nice!"
Entretanto, o pato ja pegou, p.ex., numa caneta Montblanc hiper falsificada e pergunta: "How much for this?" e o chines remata com um preço sem nexo. Como o pato não e burro, responde logo: "Too much, very expensive".
E então aqui, que os papeis se invertem e o comerciante chines, com medo de perder a potencial venda de uma bagatela falsificada, responde:
"Cheaper for u. You are the boss, you say how much!!!" Por momentos, até pensamos que somes chefes deles, impossivel... O chines passa-nos a máquina calculadora para as mãos, para digitarmos o preço final pela falsificacao. E aqui que começa o duelo comercial, onde nós mostramos algum interesse pela compra, mas NUNCA desvendamos o preço final, pelo qual estamos dispostos a comprar. O comerciante chines, já desesperado e com medo de perder a venda, vais descendo cada vez mais o preço, ate o limite em que já nao pode mais, pois, caso contrário, iria perder dinheiro. E é assim que se compram porcarias na China!



Durante as compras, o pato enfrentou alguns inimigos e até houve uma situação em que pôs uma vendedora a chorar...

Se o Benfica ganhar para na próxima época, prometo que vou a Fátima a pé!
Para quem quiser fazer promessas a sério e como deve ser, aqui vai uma sugestão: Fazer o percurso de Jinshaling a Simatai. São apenas 10km por uma muralha nos arredores de Pequim, com temperaturas na ordem dos 38ºC, onde nem sempre há degraus para subir ou descer...
O pato subiu, desceu e voltou a subir, morreu de calor, bebeu litros de água, esfolou as patas, perdeu penas mas, ao fim 10o km disse: CONSEGUI, sobrevivi ao desafio da muralha da China!!



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A Alma do Pato Viajante

Viajar é, provavelmente, a palavra que nos ocorre sempre que é mais difícil de o fazer e, ao mesmo tempo, é a palavra que nos faz sonhar. Tipicamente sonhamos com praias paradisíacas, sítios bem longe do nosso continente, ou então, para não ficarmos ignorantes, sonhamos ir a Paris, Roma, Londres e Madrid. Estas são as cidades que tipicamente se visitam antes de se fazer um grande viagem.
Quem é mais aventureiro ainda procura fazer um safari no Quénia, ou mergulho no mar vermelho sem barbatanas, mas, sabendo sempre que se vai regressar a casa, ao conforto, à segurança e se vai lembrar de todas as boas recordações dessa viagem
Mas quem gosta de viajar, sabe que esta palavra tem um significado ainda maior. Quem tem a alma de viajante sonha com a liberdade de partir e nunca parar no mesmo sítio, mais do que o tempo suficiente para se sentir bem e fazer parte daquele local, de conhecer novas pessoas, culturas, línguas, mundos e sentimentos.

Viajar sempre foi sinónimo de conhecimento e enriquecimento. Hoje, mais do que nunca, as pessoas anseiam por conhecer diferentes povos e culturas, para mais tarde, daqui a 10, 20 ou 30 anos, guardarem para si um conhecimento e cultura, que nem sempre o nosso dia a dia nos pode dar.
Após sabermos o que queremos conhecer, há que pensar nos recursos. O que levar? Quanto queremos gastar?
A regra básica da bagagem é muito simples. Quanto mais levamos, mais carregamos e, quanto mais carregamos, mais difícil é movimentarmo-nos. Há muitas escadas para subir e para descer, nem sempre há elevadores e as escadas rolantes nem sempre chegaram a todos os países. Por isso, e especialmente para as meninas: pouca roupa, pouca tralha, o saco de cama é um bom aliado e o canivete suíco também!
Quanto ao dinheiro, isso depende de quanto cada um tiver disposto a gastar. Tipicamente, quando viajamos (entenda-se viajar por algum tempo e não "tirar umas férias") o espírito não é ficar em hoteis de 5 estrelas, ou de ter grandes mordomias, pois estamos em constante movimentação.
Para quem não quer gastar muito dinheiro e pretende assim conter alguns custos, pode, por exemplo, fazer viagens de longa duração durante a noite, pois assim, economiza uma dormida.
De comboio, carro, autocarro, barco ou avião, é sempre possível viajar até onde for humanamente possível.


Há quem goste de viajar sozinho, apenas com a sua própria companhia. De alguma forma, esta talvez seja a melhor maneira de conhecer pessoas ao longo do percurso. Sozinho fica-se mais livre para se fazer o que se apetece. Quando viajamos acompanhados temos, por vezes, que ceder aos desejos dos outros, mas, por outro lado, temos sempre alguém com quem partilhar as maravilhas que vamos conhecendo.

É ao longo das viagens que crescemos e aprendemos bastante. Tornamo-nos em pessoas mais atentas, conscientes, criativas e inspiradoras. É durante elas que libertamos os nossos dogmas e estereótipos criados nas nossas cabeças.

Boa viagem!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mongólia, o paraíso do deserto, dos nómadas e das diferentes paisagens

Mongolia: Ulaan Baatar/ Semi Gobi/ Elsen Tasarhai/ Tsutgalan/ Orhon Valley/ Hkarhkorum, 20th - 25th of June, 2009

Após a saída de Irkutsk passámos a fronteira russa com sucesso. Os receios eram alguns, uma vez que (pensávamos nós) a polícia russa exige todos e quaisquer comprovativos durante a estadia no país. Para além do pesadelo do visto, que deve ser o mais complicado de se obter, os russos exigem que qualquer estrangeiro se registe em cada cidade, onde esteja por um período superior a 72 horas (segundo a infromação que obtivemos em St. Peteresburgo), ou 24 horas (em Moscovo). Ainda hoje não sabemos ao certo, quanto tempo é.
Bem, como não sabíamos de nada e, como não ficámos mais do que 72 horas em St. Petersburg não nos registámos lá, pois ainda custava algum dinheiro a somar ao visto emitido pela embaixada em Lisboa, ao seguro de viagem obrigatório e ao convite de entrada no país, para quem não tem vouchers da agência de viagem, que era o nosso caso. Tentámos obter uma reposta às nossas dúvidas com a nossa embaixada em Lisboa, mas nem eles sabiam responder... (só sabem mesmo cobrar dinheiro e burocracia pelos vistos).
Decidimos então, registar-nos em Moscovo, que já estava dentro do período das 24 (a partir de Moscovo) e das 72 horas (a partir de St. Petersburg sem contar com a viagem de combio).
Na fronteira correu tudo bem e ninguém nos questionou de nada, pois todo o resto da papelada exigida, estava em ordem.
Os patos entraram finalmente em território mongol!

Durante a viagem debatemos-nos sobre o que fazer na Mongólia e pusemos em causa, passar apenas 1 dia na capital e seguir para Pequim, pois achávamos que a China valia muito mais a pena...
Após quase 1 dia e meio de viagem, agora no Trans-mongoliano, chegámos a Ulaan Baatar pela manhã. Estava um dia de Inverno puro de Portugal, qualquer coisa como 9ºC. Fomos para o hostel e começámos a ver quais poderiam ser as tours interessantes a fazer. Chegámos à conclusão, que uma vez que estavamos na Mongólia, tinhos que fazer algo, pois é uma oportunidade única de ver o único deserto onde neva e onde os camelos com neve. Lá nos decidimos a fazer uma tour de 4 dias, em que o destino era o Semi Gobi e uns parques naturais para oeste de Ulaan Baatar.
Ainda aproveitámos o dia para visitar Ulaan Baatar, que é uma cidade extremamente feia. É um misto de Vila D' este com a Amadora e de vez em quando, faz-nos recordar o Rio de Janeiro, onde em vez de favelas em tijolo, existem geres espalhados pela cidade. As principais atracções da capital são quase todas dedicadas a Genghis Kahn, o grande conquistador do império mongol.

No dia seguinte de madrugada o pato partiu rumo ao deserto numa carrinha super resitente, que gastava 22 litros aos 100, gota de 80 octanas e que mais se assemelhava a um mini Kamaz do Dakar. Uma experiência completamente nova e aventureira!

O pato lá se instalou confortavelmente no seu pequeno "Kamaz" russo e iniciou a viagem.



Mal saímos de Ulaan Baatar a estrada permanecia em alcatrão, o que para nós era uma óptimo, visto que, de vez em quando, até podíamos dormir. Mas, mal passaram os primeiros 50 km, o alcatrão que era bom acabou e a estrada tornou-se em trilhos (quando haviam) e a paisagem de Vila D'este/Amadora tornou-se numa grandiosa planície verde com montanhas, bem lá no fundo.

Foi no meio destas planícies que descobrimos um porquinho bebe perdido da sua progenitora. Parámos o "Kamaz" e trouxémos o porco connosco, pois sem mãe, sem água e sem comida por perto, o porquinho bebe não tinha grandes esperanças. O pato ficou maravilhado com o seu novo amigo e só queria brincadeira.
Mas o faminto porquinho estava tão triste e não lhe ligou nenhuma. Nisto, o pato começou a ter pensamentos gulosos e a ideia de um porquinho no espeto para o jantar estava a tira-lo do sério.
A viagem continuou e, quase às portas do deserto do Gobi, numa pequena aldeia, encontrámos um criador de porcos, onde oferecemos o nosso baby pig. Embora a restante famíla de porcos fosse cor de rosa, o nosso porquinho malhado ficou muito feliz com a sua nova casa. Dito isto, o pato abandonou os seus pensamentos preversos de "porquinho no espeto/ou no churrasco para o jantar" e começou a preparar-se para as iguarias gsatronómicas da Mongólia.
Cansado, lá descansou até ao deserto do Gobi.


Ao final da tarde chegámos às portas do Gobi e à nossa 1ª família nomada, onde ficámos a dormir. A família tinha 3 geres, onde um era a sala e cozinha, outro era para os visitantes e o último, o quarto deles de dormir. A casa de banho é uma caixinha de fósforos lá longe, com apenas um buraquinho no chão...
Mal chegámos, fomos logo convidados a experimentar as delícias mongóis, como iogurte de cabra seco, chá com leite de cabra, cardo, enfim, umas verdadeiras iguarias, que sabiam todas ao mesmo: carneiro, ou outro animal qualquer da família...

Após os petiscos iniciais fomos dar uma volta de camelo, onde o cenário era absolutamente fascinante. No meio de uma planície completamente verde há um rasgo de dunas, que dão início ao deserto do Gobi. Durante o Inverno, grande parte do deserto cobre-se de neve e os camelos, sem alternativa, comem-na.Andámos pelo meio das dunas, onde só havia areia.
Mas de vez em quando, ao lado das dunas, lá andávamos nós a passear de camelo junto às planícies verdes, no meio dos rebanhos da nossa família nómada. Um verdadeiro paraíso de troca de paisagens, nunca antes visto e absolutamente fascinante...Ora estavamos no deserto, ou simplesmente na savana, no meio de um rebanho.

A 1ª família em que ficámos, tinha 4 filhos, 2 rapazes e duas raparigas. O mais velho estava no serviço militar, os outros ainda permanecem com os pais. Embora sejam nómadas todas as crianças vão para a escola. Na Mongólia, o ensino obrigatório é até ao 12º ano e encontra-se mais fácilmente um mongól que fale inglês, do que um russo.
Estas famílias nómadas andam com o seu pasto de um lado para o outro, durante o ano. Mudam-se e levam o seu ger atrás, em benefício do gado, de modo a que possa sobreviver durante todo o ano. O gado é a sua principal fonte de alimento.
Depois do jantar fomos ajudar as crianças a guardar o rebanho, onde tinhamos de separar os cabritinhos dos graúdos, uma tarefa simples para quem o faz todos os dias, mas para quem não está habituado não é tão simples como parece!
Adormecer no deserto é um verdadeiro sonho, não se ouve nada e, de manhã, acordamos com as ovelhas a pastar lá ao longe. Uma vida muito saudável!




Na manhã seguinte deixámos o deserto e partimos para oeste em direcção aos parques naturaris, onde o cenário, mais uma vez, mudou completamente. Passámos do deserto, ou savana para os montes suíços, onde há vacas, cavalos, cabras, ovelhas e outras coisas. Mas houve um animal que nos chamou a atenção. O Yak. Nunca tinha visto nenhum!!!



Ao final do 2º dia da nossa tour, chegámos à "habitação" da nossa 2ª família nómdada. Nesta família, o principal animal era o cavalo. Como bons afitriões que somos, fomos experimentar os petiscos desta família, que são à base do leite fermentado da égua, que por sinal é muito rico (em proteinas, ou vitaminas, já não me lembro bem...). O leite tem um ligeiro sabor a cerveja e os mongóis adoram! Dada a importância deste leite fomos ver a nossa família nómada a tira-lo das éguas, cuja frequência é de 3 em 3 horas.
Bebemos aquilo a que os mongóis chamam de a "vodka mongol", que é nada mais nada menos do que um licor alcoólico destilado do leite de Yak! Uma delícia! Não sei porquê, mas também isto me soube a carneiro...
À noite, depois do jantar, estivemos a jogar ao "mata" versão mogól, com as crianças, filhas das nossas famílias. Divertimo-nos todos imenso!
Na manhã seguinte tomámos o pequeno almoço na companhia da nossa família, que via muito atentamente um filme na televisão. Embora não comam o mesmo que nós, a alimentação deles é bastante rica. Enquanto comiamos umas tostas com ovos mexidos, queijo e até Nutella (eu nem gosto muito de pão com chocolate), as crianças começaram a olhar para nós com cara de esfomeadas. Muito provavelmente não tinham fome, mas aquilo devia ser novidade para eles, de tal forma que olhavam fixamente para nós, e, foi assim, quem perdeu a fome fui eu. Parti o resto de todo o pão que tinhamos, cobrio-o com practicamente todo o frasco de Nutella e destribuí-o por todas as crianças. Espero que tenham adorado o nosso pequeno petisco ocidental!


De manhã e, ainda antes de irmos dar um passeio a cavalo, deu para brincar mais um bocadinho.




Fomos de cavalo visitar umas cataratas, na zona onde morava a nossa família. Mais uma vez, o cenário era fascinante.
Foi nesta troca de paisagens e cenários, que o pato se apaixonou pela Mongólia e quer lá voltar um dia mais tarde!




Teria sido um erro fatal da nossa viagem, se apenas tivessemos ficado 1 dia na feia capital da Mongolia.
Para quem se quiser perder no meio das planícies, desertos e montanhas, recomendamos a Mongólia a 100%.

Hostels para viajantes tesos

Ir à Russia e ficar num hotel de 3 estrelas é coisa para rico e num de 4 estrelas é de muito rico. Os hoteis são normalissimos, mas, por algum motivo, são exurbitantemente caros...
Por imperativo de força maior, a nossa viagem é efectivamente e assumidamente uma viagem de tesos.
O depenado do pato vagueia por 4 websites diferentes, antes de marcar um hostel, com o objectivo de encontrar (supostamente...) a melhor relação qualidade preço, quando, no fundo no fundo, o que quer é o mais barato.
Até agora as escolhas não têm sido más, apesar de muitas vezes as descrições dos websites serem enganosas, p.ex., quase nunca existem cacifos dentro dos próprios dormitórios. Uma vez, muito de vez em quando, damo-nos ao luxo de dormir num quarto duplo, que custa uma fortuna, só mesmo para descansarmos do constante ressonar, que faz eco em qualquer dormitório de 10 ou mais camas. De certa forma, e ao fim de algum tempo, esse barulho de fundo até se torna agradável, ou pelo menos imperceptível...
Em St. Petersburg ficámos primeiro no Hostel Sabrina. Uma fortuna... 10€ por noite... A fachada do prédio nem prometia, nem repugnava. Era normal. Menos normal era o que essa parede escondia. Aliás, não é só essa. Para seguir, provavelmente, alguma norma paisagística russa, ou apenas por mero acaso, todos os predios russos possuem uma traseira comum, na qual se estacionam alguns carros, se colocam alguns contentores do lixo e, por ventura, alguma mercadoria menos lícita. O que é certo, é que em menos de 10 passos se passa de uma fachada de um prédio "normal" directamente para o Kosovo. Na parte de trás, nenhuma janela tem vidros, partes do prédio já ruiram há muitos anos e há vários carros sem rodas, apenas apoiados em tijolos ou latões.


Algo impressionados com o aspecto "rústico" da entrada, lá subimos carregados pelas escadas até ao 2º andar, olhando para fora, pelos buracos que pareciam originarios de munições de murteiro. Fomos recebidos por uma "simpática" menina, que nos acolheu e que nem se quer devia saber, qual o país que deu origem à língua inglesa, quanto mais fala-la... Mesmo assim tivemos sorte com algumas coisas. O quarto onde ficámos, um dormitório de 14 pessoas, tinha apenas duas: nós próprios. Apesar de não inspirar muita confiança tinha um bom e gratuito pequeno almoço.


Mesmo assim, saímos deste hostel e mudámos para outro, que ficava junto à entrada da praça Sennaya e, que muito apropriadamente se chamava CRAZY DUCK!!! O pato não podia ter-se sentido melhor! O ambiente mudou batante. Embora o pequeno almoço não fosse de graça e o quarto fosse mais caro, havia dezenas de pessoas de todo o mudo com quem falar. Mesmo assim, no nosso dormitório de 4 só lá estavam duas pessoas: nós próprios. Mais uma vez tivemos sorte!


Nota: Embora esta mensagem tenha sido publicada por mim, ela é da autoria do Pato viajante.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pedido oficial de desculpa do Pato Viajante

O Pato Viajante vem, por este meio, fazer um pedido oficial de desculpas, por ainda não ter publicado as fotografias do jantar de despedida, relalizado no fim de Maio de 2009.
Segue em baixo o documento oficial.

Nota: O Pato tem andado muito ocupado e, como tal, nunca pensou que era preciso "algum" tempo para manter um blog actualizado...















Obrigada a todos os que vieram!