sábado, 28 de novembro de 2009

Australian Northern Territory: The aboriginal land

Northern Territory, from 21th - 27th of September

Darwin:

Chegámos à Austrália, estamos de novo na civilização, onde tudo é organizado, limpo, há regras e, como tal, tudo é mais caro. Os nosso bolsos ficaram rotos, pois não sabemos onde anda o nosso dinheiro...

Chegámos a Darwin, no norte da Austrália, no no início da Primavera e está um calor de morrer. Darwin em si, não tem muitas coisas interessantes para ver, excepto o famoso parque de crocodilos. A maior atracção desta zona situa-se fora da cidade, no famoso parque Kakadu, onde foi filmado o filme "Corcodile Dandy". Ahhh, como é óbvio descobrimos o melhor restaurante da cidade!!!Como mais uma vez o tempo era escasso, tivemos que optar entre visitar o parque Kakadu, ou seguir rumo ao deserto, para visitar a famosa rocha Uluru, situada perto do de Alice Springs. Achámos que não podíamos perder Uluru de forma alguma, por isso, lá partimos no dia seguinte, de autocarro, numa viagem de quase 24 horas até Alice Springs, situada no centro da Austrália.
De facto, é quase necessário estar na Austrália para ter a noção das distâncias. Nós sabíamos que a Austrália é um continente muito grande (onde cabe toda a Europa e ainda sobra muito espaço), mas, só depois de termos comprado os bilhetes de Darwin até Alice Springs e de Alice Springs até Melbourne, realizámos que são mais de 3500km de distância... Nada que um Pato com umas belas patitas não faça!
Partimos de Darwin entrando no deserto por estradas que nunca mais têm fim, onde os "Road Trains", camiões com mais de 3 atrelados, são uma constante na estrada.
No dia seguinte chegámos cedo a Alice Springs, onde aproveitámos para conhecer a cidade que acolhe grande parte dos turistas, que visitam a famosa rocha.

A cidade está cheia de lojas que vendem quadros aborígenes lindíssimos! Se já estivéssemos de regresso a casa e não tivéssemos os bolsos rotos, teríamos certamente levado connosco um belo quadro de recordação.
Já tínhamos visto alguns aborígenes Darwin, mas em Alice Springs existem muitos mais. Northern Territory é o principal estado destes indígenas australianos. Os aborígenes da Austrália representam hoje apenas 1% da população australiana, ou seja, cerca de 200 mil. Têm uma pele muito, muito escura e seca, que parece queimada e tostada do sol. Honestamente, antes de chegar à Austrália, pensava que os aborígenes eram um povo completamente integrado na cultura ocidentalizada australiana. Mas não! A verdade é que vivem nas suas fechadas comunidades e as suas crianças frequentam escolas próprias. Confesso que também me fez confusão ver jovens aborígenes vestidos de rappers, a passearem na rua, ou no McDonalds. Os mitos da Criação aborígene falam dos lendários seres que vagueiam pelo continente na época do Sonho cantando o nome de tudo o que se atravessa no seu caminho - aves, animais, plantas, rochas, etc. - dando assim existência ao mundo pelo canto. Assim, o canto constitui um mapa e um indicador de direcções. Por isso, se um aborígene souber um canto, pode sempre encontrar o caminho através do país. Pelo menos era assim no passado. Hoje em dia vão de carro e autocarro para todo o lado. Nenhum aborígene pode conceber que a criação do mundo fosse imperfeita, por isso a sua vida religiosa só tem um sentido: manter a terra como sempre foi. Agora podem imaginar o quão complicado pode ser construir uma estrada ou um caminho de ferro no meio do deserto australiano...

Partimos no dia seguinte rumo ao deserto, na nossa tour chamada The Rock. No primeiro dia fomos conhecer Kings Canyon, onde encontrámos um pequeno amigo do deserto.

Como estavamos numa tour havia que preparar o jantar para todos no meio do deserto, à volta de uma fogueira que nos aquecia a todos. Foi noite de chili con carne feito num wok gigante.

Nada como estarmos quentinhos nos nossos sacos cama, dentro de uns grandes swegs para dormirmos no deserto, por debaixo de um céu com 1 milhão de estrelas.

No dia seguinte, bem cedinho foi a vez de conhecer as "Olgas", que fazem parte do Uluru - Kata Juta National Park. Aqui andámos a passear por este enorme conjunto de rochas, que deixa qualquer um estupefacto, especialmente pelas sua composição geológica e pelas vistas para o deserto.




Ao final da tarde continuámos a tour ainda dentro do mesmo parque nacional, onde finalmente vimos Uluru, a mais fomosa rocha australiana, com 318m de altura e 2.5km de largura, aquela que muita gente diz ser a maior rocha do mundo (mas que na realidade é apenas 2ª).

Por do sol em Uluru
Um monte de turistas esfomeados e despejados no local para ver o por do sol. Nós também eramos um deles, mas não tínhamos os banquinhos de quem vai dia 13 de Maio para Fátima!

Alvorada pelas 4 da matina, agora para ver Uluru ao amanhecer. Estava um frio enorme, que nem por isso afastou os milhões de turistas que apreciavam novamente a rocha connosco.
Nada como uma bela caminhada de duas horas (8 km) à volta de Uluru para aquecer do frio matinal do deserto. Às vezes tinhamos a sensação que estavamos ao lado de um queijo gigante.


ou de pegadas de gigantes
Enquanto almoçavamos, tivemos a companhia do famoso Dingo australiano, que procurava desesperadamente comida.
De regresso a Alice Springs fomos ainda cumprimentar estes simpáticos camelos do Afganistão, que vieram para a Austrália com a função de ajudar a construir a linha, que liga o norte ao sul do país.

A curta estadia em Timor Lorosae

West Timor, Kupang, from 19th - 20th September

Desta vez não nos podémos dar ao luxo de ir de ferry e esperar, ou rezar para que um ferry aparecesse num dia de nevoeiro, para nos levar até à ilha de Timor. Perdemos a cabeça e compramos um vôo de Maumere para Kupang, em Timor Ocidental. E porque não um vôo directamente para Timor Leste? Pois..., da mesma maneira que não existe nenhum ferry que ligue a Indonésia a Timor Leste, também não existe nenhum vôo a não ser de Jakarta. É assim a vida... e assim continua a relação entre os Indonésios e Timorenses.
Quem olha para o mapa pode constatar que a parte leste da ilha das Flores está muito próxima de Timor Leste (está a norte) e era precisamente aí que nós estávamos, em Maumere. Acontece que de Maumere para Timor Leste nem de barco, nem de avião. Tivemos então que voar desde Maumere até Kupang, capital de Timor Ocidental.
O aeroporto local de Maumere não podia ser mais original. Tínhamos o vôo à uma da tarde. Quando lá chegámos para fazer check in estava fechado, pois ainda era muito cedo... Apenas o restaurante, na parte de cima, estava aberto, onde aproveitámos para comer um dos últimos Nasi Goreng.

Depois de finalmente fazermos o check in, onde apenas foi preciso confirmar os nossos nomes e número de passaporte com uma folhinha que já estava imprimida (não havia pcs), deram-nos os bilhetes que eram, nada mais nada menos, que umas plaquinhas de plástico. Lá entrámos para o avião, que nos ia levar até Kupang.



O vôo foi curto, por isso ainda chegámos cedo a Kupang, o que nos permitiu ver mais um pôr do sol, provavelmente, um dos mais bonitos que vimos até agora na nossa viagem.



Timor Lorosae, from 20th - 21st of September

No dia seguinte partimos bem cedinho, pelas 7 da manhã, de Kupang para chegarmos a Timor leste, pela única fronteira terrestre que existe entre a Indonésia e Timor.
Toda a estrada que vai desde Kupang, na Indonésia, até a aproximadamente 10km da fronteira com Timor está em boas condições. Mas, à medida que nos aproximamos de Timor, a estrada mais parece um cenário agreste vindo do Kosovo.

Saímos da Indonésia
e entrámos, finalmente, em Timor, que em tempos já foi português!
Esta foi, sem dúvida, a fronteira terrestre mais bonita por onde passámos. À medida que nos aproximávamos do posto de imigração, o cenário de uma bela praia acompanhava-nos pela estrada/Timor fora.

Foi aqui, nestes dois contentores, que obtivemos o nosso carimbo Timorense.


Mas foi na alfândega Timorense, que tivemos uma das melhores recordações deste país! A verdade é que em todas as fronteiras terrestres pelas quais passámos, nunca vimos ninguém a abrir malas. Mas em Timor todas as malas eram revistadas. Abrimos primeiro as nossas malas e só depois mostrámos o passaporte ao oficial. E foi aí que o polícia disse com o seu sotaque timorense: "Ahhh, é português!! Português é irmão. Portugal e Timor: irmãos! Por favor feche a mala, não tem que mostrar nada!" Bem, como é óbvio, nós ficámos estupefactos, pois não eramos mais que os outros e continuámos a abrir a mala e o oficial mandou-nos fecha-la. Foi aí que senti que os Timorenses ainda sentem uma especial carinho por nós. Inclusivé, sempre que Portugal joga futebol, torcem por nós!
Bem, depois disto a viagem continuou até Dili, onde só chegámos às 7 da tarde. Como tal, apenas tivemos a oportunidade de ver Dili pela noite, onde ainda podemos ver o Palácio do Governo, o Sporting Clube de Timor, a casa Europa e o porto. A presença da ONU também é bem notória, que faz desta forma disparar os preços das coisas em Timor.






Tivemos que regressar cedo ao hostel, pois no dia seguinte era mais um dia de vôo e com mudança de continente.
Deixámos Timor por visitar como deve ser, o que faz com que também tenhamos que voltar aqui um dia mais tarde.
Deixamos o sudoeste asiático cheio de boas recordações, mas a nossa viagem tem que seguir e amanhã é dia para a estreia de um novo continente e país: Partimos para a Austrália!

Flores, Komodo, Rinca e a terrível despedida

Flores, 13th -19th of September

Já não bastava termos chegado a meio da noite a Labuanbajo, para ajudar à festa, não havia uma única hostal aberta. Depois de uma busca infrutífera pela zona do porto, avançamos mais para o interior numa escuridão absoluta à procura de abrigo. Finalmente lá encontramos qualquer coisa.
Labuambajo,“terriola” mais a Oeste da ilha das Flores, não é mais que um pequeno porto de mar, integralmente de ruas de terra, praticamente sem apelo nenhum com a excepção de uns pequenos cafés geridos por estrangeiros e um centro de mergulho. A cidade vive do pouco turismo existente como ponto de saída para o Komodo National Park, que engloba as ilhas de Komodo e Rinca, bem como outras pequenas ilhas desabitadas e todo o mar em redor delas. Um dos nossos objectivos era precisamente visitar este Parque Natural e, obviamente, ver de perto os famosos Dragões de Komodo. Logo nos explicaram que embora se chamem Dragões de Komodo, a maior densidade populacional encontra-se, não na ilha de Komodo, como seria de esperar, mas sim em Rinca. Assim, decidimos partir imediatamente para Rinca onde pudemos constatar, em primeira mão e a escassos metros de distancia, o tamanho destes animais. A proximidade assusta, mas segundo o ranger do parque, é necessário que um dragão esteja muito esfomeado para tentar atacar uma pessoa, e que de qualquer forma, dificilmente conseguiriam acompanhar a velocidade de corrida de um humano por muito tempo, o que me deixou muito mais tranquilo. Depois de uma caminhada de 5h pela ilha, lá regressámos ao barco, com dois amigos franceses que tínhamos conhecido numa viagem de ferry uns dias antes, e fomos para “barreira de coral” indonésia ao largo das ilhotas do Parque Nacional. Aí, fizemos snorkeling durante o resto do dia antes de regressar a Flores.
Flores, além do nome da ilha, do nome das pessoas, da forte influência cristã, e de algumas palavras arcaicas, não reteve muita mais influência portuguesa depois da nossa passagem por lá de 1512 até 1850. Largamente estudada por paleontólogos devido a uma teoria evolucionista de um povo de reduzidas dimensões que se separou do caminho evolutivo normal dos humanos e catalogado como Homo Floresinsis, é, acima de tudo, um lugar paradisíaco onde a selva luxuosa e densa salpicada de vulcões activos e bananeiras inclinadas sobre a estrada tortuosa de montanha (a famosa Flores Highway), dá também lugar a praias de areia branca como cal, ou profundamente preta com coral e peixes tropicais que subsistem em águas muito mais quentes que o normal e onde a vida tem um ritmo diferente e muito próprio. Apesar das praias, dos dragões e da activa vida marinha, a maior atracção da ilha é um vulcão, ou antes, o que sobra dele. O Monte Sagrado Kelimuto. Ver o nascer do sol no topo destes 3 lagos de cratera é imperdivel numa passagem por Flores. Caminhar ao longo do cume dos dois principais lagos é, ao mesmo tempo, perigoso, assustador, mas também proporciona uma paisagem indiscritivelmente “Zen” dado o seu isolamento e beleza. No final, antes da travessia para a ilha de Timor, houve ainda tempo para uma despedida das praias indonésias, perto da cidade de Maumere, onde ver o nascer do sol no mar, junto dos pescadores locais enquanto saem para a faina é como retroceder uns séculos e ver a vida com outros olhos. Ao longo de toda a viagem, de uma ponta à outra da ilha, há um factor constante que torna a experiência ainda mais inesquecível: as pessoas. Toda a gente, desde o mais pequeno puto ranhoso até ao mais velho ancião, é incrivelmente simpática e acolhedora. É como se não quisessem, verdadeiramente, que fossemos embora. Que nos abraçam e falam connosco e convidam-nos a jantar ou almoçar e nos dão as receitas em seguida se lhes pedimos. São genuinamente felizes, sem qualquer máscara ou obscura segunda intenção, especialmente as crianças, que, obviamente idolatram o Cristiano Ronaldo e outros ícones europeus, que memorizam o nosso nome à primeira e o pronunciam perfeitamente na hora da despedida, que fazem tudo para ter a nossa atenção, que adoram as máquinas fotográficas, não para “sacar dinheiro ao turista” à posteriori, mas sim para se poderem ver a eles próprios no ecrã e rirem-se da cara uns dos outros. Isto é Flores. Isto é um pouco da Indonésia em geral. Um povo e um destino que nos surpreendeu e que vai ficar sempre na nossa memória.

Como a selecção de 3 ou 4 fotografias era muito complicado e injusto para com as belezas da ilha, aqui vai um pequeno fotoblog comentado.


A caminho dos dragões.

A primeira recepção oficial é dada em primeiro lugar pelos macacos, e só depois pelos rangers do parque.




Os famosos devoradores de búfalos. Animais simpáticos, cuja saliva é tão tóxica que, em caso de um ataque (em que a pessoa continue a respirar depois do mesmo) é necessário leva-la a um hospital em menos de 6h ou não haverá nada a fazer!




As águas cristalinas e "quentes como sopa" do mar que rodeia as ilhotas do parque natural. Uma das ilhotas, segundo nos foi dita, era privada, bem como toda a extensão de água que a rodeava, na qual se podia encontrar uma quantidade enorme de coral e biodiversidade marinha. Segundo diziam as más línguas era de "uns ingleses" teria custado 7'0 milhões de euros...!









A viagem ao longo da ilha é tão rica do ponto de vista de paisagem que às vezes, passados 100km, parece que se está a olhar exactamente para o mesmo vulcão.



E que dizer dos Bemos, transporte local que se assemelha permanentemente a uma árvore de natal enfeitada carregada de locais que transportam literalmente a sua própria vida atrás de si para todo lado? As imagens falam por si...



E as pessoas, as crianças especialmente, ficam marcadas na memória. Todos os putos têm o sonho de vir a ser um grande jogador de futebol, embora no fundo no fundo saibam que isso não vai acontecer. Mas não deixam de ser incrivelmente felizes e viver a vida com o entusiasmo que já é muito raro encontrar hoje em dia nas civilizações ditas "evoluídas".




A Pata, qual Moisés com o seu rebanho, reencontrou também ela a felicidade de outros tempos em que chegava a casa ao cair da noite, preta de toda a terra acumulada e com um sorriso de orelha a orelha.



No dia seguinte de manhã, as mesmas crianças imundas do dia anterior, são agora transformadas em limpos e fardados estudantes e vão, todos iguais e em fila indiana, saindo aos magotes de cada casa para ir para a escola da localidade (neste caso, Bajawa). Dentro de cada casa, a decoração sóbria e humilde sempre inclui uma cruz, uma pintura ou qualquer outra alusão à religião cristã.


O cenário natural não deixa de nos surpreender com quedas de água e hot springs por todo o lado.


A visita ao Monte Sagrado Kelimuto é surreal, bem como as oportunidades fotográficas, com as libertações permanentes de gazes semi-tóxicos e minerais que lhe dá as cores. A saída do hostel deve ser feita às 4:30 da manha e o único meio de transporte é de mota com um local a quem se contrata o serviço no dia anterior.



Um dos dois lagos principais tem permanentemente uma cor opaca azul turquesa, enquanto que o outro alterna entre verde escuro (cor frequente) e o vermelho vivo (raramente, quando um conjunto se alterações geológicas ocorrem). O Avelino (nome português como o de tantos outros habitantes na ilha), que podem ver na segunda foto, é um entreperneur que vende café directamente de uma chaleira no topo do mirador, às 5 da manhã.



Os campos de arroz de Moni não ficam nada a dever a tantos outros locais do sudoeste asiático, e o arroz vê-se espalhado pelas ruas, passeios e beiras de estrada como se o maior casamento do mundo por ali tivesse passado.









Uma viagem até ao extremo nordeste da ilha dá-nos a conhecer Maumere onde a água e o ar são puros e os seus pescadores de "casquinha"que saem para o mar mal a claridade aparece no horizonte.



Os troncos corroídos pelo mar, vento e chuva pregam-nos surpresas ao assemelharem-se a caras e animais. As árvores que crescem no meio do mar dão um ambiente ainda mais místico e etéreo.



Uma vez mais, e agora a centenas de kms de Bajawa ou Moni, fizemos amigos novamente. Provavelmente nunca nos lembraremos do nome deles como eles dos nossos, mas as imagens ficam para sempre gravadas na memória tal como as as fotografias...








Isto é a Indonésia que nos encantou. A felicidade contagiante lado a lado com o isolamento que permite a tranquilidade de espírito...




Até ao nosso regresso, amigos!