quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Pata raspa as suas delicadas pe(r)nas

Luang Prabang, 30th of July

Andar de bicicleta, à primeira vista, parece simples e não tem nada que saber. Aprendemos quando somos pequenos e fica para ao resto da vida.


No entanto, as crianças fartam-se de cair da bicicleta, raspam os joelhos, as mães fazem-lhes o respectivo curativo e continuam a andar como se nada fosse.
A verdade é que também aos “grandes” lhes acontecem coisas e só cai quem anda!



Foi isso mesmo que aconteceu. Ia eu a descer numa curva, cujo o solo era de gravilha e cuja curva era “razoavelmente” apertada e PUMBA: caí!
Tenho que admitir que os laoenses que me viram cair na estrada foram muito atenciosos comigo. Saíram imediatamente dos respectivos carros e motas para virem ajudar. Ao início aceitei bem a queda, mas quando olhei para o meu joelho, achei que tinha posto um fim à nossa volta ao mundo.
Nem valia a pena chamar uma ambulância, que remédio tive eu, se não pegar na bicicleta (a que me deitou ao chão) e ir a pedalar até ao hospital mais próximo. Tivemos sorte pois não estávamos muito longe do hospital...

O sistema de saúde do Laos vs. O sistema nacional de saúde

À chegada ao hospital pousei a minha ambulância de duas rodas no parque e fui imediatamente assistida por uma enfermeira, que apareceu de cadeira de rodas. Eu sentei-me nela e mal começámos a andar, o hospital inteiro começou a olhar para mim, pois a cadeira de rodas fazia um barulho enorme:”tac tac tac tac”.
Os hospitais no Laos são bem diferentes dos nossos a começar pelo tipo de construção. Não há propriamente um ou vários edifícios grandes de vários andares. Há um conjunto de casinhas espalhadas pelo terreno, em que cada uma delas representa uma unidade do hospital. Eu fui levada para a casinha das urgências, que é nada mais nada menos uma salinha com uma cama preta, onde nem se quer existe uma toalha ou papel, para por por cima.
Lá me deitei e mostrei o belo serviço à sra. enfermeira, que olhou para aquilo sem grande espanto. Eu só via um rio vermelho a escorrer-me pelo joelho abaixo até ao pé. A sra. enfermeira tratou-me bem e fez o procedimento standard de uma limpeza de ferida. Enquanto estava a ser tratada reparei numa menina pequenina que estava ao meu lado, com a cara toda preta de sujidade e que assistia curiosamente ao meu tratamento. A sra. enfermeira lá entendeu que e menina não devia estar ali e mandou-a sair. No momento em que a miúda saiu pela porta fora reparei que haviam umas 10 cabeças a olhar atentamente para o meu curativo e claro, a enfermeira também reparou e mandou fechar a porta.
Fui bem tratada, não me posso queixar, mas também não foi nada de grave.
Moral da história, tenho menos umas penas. Não são só as crianças que caem da bicicleta... e só cai quem anda! E que ninguém mais se atreva a dizer mal do sistema de saúde em Portugal!
De regresso ao centro de Luang Prabang tive o máximo cuidado possível e todas as actividades radicais planeadas para os dias seguintes tiveram que ser canceladas.
Nos dias seguintes descobri as maravilhosas potencialidades de enfermeiro do pato viajante, que me fez o curativo, cuidadosamente, todos os dias!


Sem comentários:

Enviar um comentário