sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mongólia, o paraíso do deserto, dos nómadas e das diferentes paisagens

Mongolia: Ulaan Baatar/ Semi Gobi/ Elsen Tasarhai/ Tsutgalan/ Orhon Valley/ Hkarhkorum, 20th - 25th of June, 2009

Após a saída de Irkutsk passámos a fronteira russa com sucesso. Os receios eram alguns, uma vez que (pensávamos nós) a polícia russa exige todos e quaisquer comprovativos durante a estadia no país. Para além do pesadelo do visto, que deve ser o mais complicado de se obter, os russos exigem que qualquer estrangeiro se registe em cada cidade, onde esteja por um período superior a 72 horas (segundo a infromação que obtivemos em St. Peteresburgo), ou 24 horas (em Moscovo). Ainda hoje não sabemos ao certo, quanto tempo é.
Bem, como não sabíamos de nada e, como não ficámos mais do que 72 horas em St. Petersburg não nos registámos lá, pois ainda custava algum dinheiro a somar ao visto emitido pela embaixada em Lisboa, ao seguro de viagem obrigatório e ao convite de entrada no país, para quem não tem vouchers da agência de viagem, que era o nosso caso. Tentámos obter uma reposta às nossas dúvidas com a nossa embaixada em Lisboa, mas nem eles sabiam responder... (só sabem mesmo cobrar dinheiro e burocracia pelos vistos).
Decidimos então, registar-nos em Moscovo, que já estava dentro do período das 24 (a partir de Moscovo) e das 72 horas (a partir de St. Petersburg sem contar com a viagem de combio).
Na fronteira correu tudo bem e ninguém nos questionou de nada, pois todo o resto da papelada exigida, estava em ordem.
Os patos entraram finalmente em território mongol!

Durante a viagem debatemos-nos sobre o que fazer na Mongólia e pusemos em causa, passar apenas 1 dia na capital e seguir para Pequim, pois achávamos que a China valia muito mais a pena...
Após quase 1 dia e meio de viagem, agora no Trans-mongoliano, chegámos a Ulaan Baatar pela manhã. Estava um dia de Inverno puro de Portugal, qualquer coisa como 9ºC. Fomos para o hostel e começámos a ver quais poderiam ser as tours interessantes a fazer. Chegámos à conclusão, que uma vez que estavamos na Mongólia, tinhos que fazer algo, pois é uma oportunidade única de ver o único deserto onde neva e onde os camelos com neve. Lá nos decidimos a fazer uma tour de 4 dias, em que o destino era o Semi Gobi e uns parques naturais para oeste de Ulaan Baatar.
Ainda aproveitámos o dia para visitar Ulaan Baatar, que é uma cidade extremamente feia. É um misto de Vila D' este com a Amadora e de vez em quando, faz-nos recordar o Rio de Janeiro, onde em vez de favelas em tijolo, existem geres espalhados pela cidade. As principais atracções da capital são quase todas dedicadas a Genghis Kahn, o grande conquistador do império mongol.

No dia seguinte de madrugada o pato partiu rumo ao deserto numa carrinha super resitente, que gastava 22 litros aos 100, gota de 80 octanas e que mais se assemelhava a um mini Kamaz do Dakar. Uma experiência completamente nova e aventureira!

O pato lá se instalou confortavelmente no seu pequeno "Kamaz" russo e iniciou a viagem.



Mal saímos de Ulaan Baatar a estrada permanecia em alcatrão, o que para nós era uma óptimo, visto que, de vez em quando, até podíamos dormir. Mas, mal passaram os primeiros 50 km, o alcatrão que era bom acabou e a estrada tornou-se em trilhos (quando haviam) e a paisagem de Vila D'este/Amadora tornou-se numa grandiosa planície verde com montanhas, bem lá no fundo.

Foi no meio destas planícies que descobrimos um porquinho bebe perdido da sua progenitora. Parámos o "Kamaz" e trouxémos o porco connosco, pois sem mãe, sem água e sem comida por perto, o porquinho bebe não tinha grandes esperanças. O pato ficou maravilhado com o seu novo amigo e só queria brincadeira.
Mas o faminto porquinho estava tão triste e não lhe ligou nenhuma. Nisto, o pato começou a ter pensamentos gulosos e a ideia de um porquinho no espeto para o jantar estava a tira-lo do sério.
A viagem continuou e, quase às portas do deserto do Gobi, numa pequena aldeia, encontrámos um criador de porcos, onde oferecemos o nosso baby pig. Embora a restante famíla de porcos fosse cor de rosa, o nosso porquinho malhado ficou muito feliz com a sua nova casa. Dito isto, o pato abandonou os seus pensamentos preversos de "porquinho no espeto/ou no churrasco para o jantar" e começou a preparar-se para as iguarias gsatronómicas da Mongólia.
Cansado, lá descansou até ao deserto do Gobi.


Ao final da tarde chegámos às portas do Gobi e à nossa 1ª família nomada, onde ficámos a dormir. A família tinha 3 geres, onde um era a sala e cozinha, outro era para os visitantes e o último, o quarto deles de dormir. A casa de banho é uma caixinha de fósforos lá longe, com apenas um buraquinho no chão...
Mal chegámos, fomos logo convidados a experimentar as delícias mongóis, como iogurte de cabra seco, chá com leite de cabra, cardo, enfim, umas verdadeiras iguarias, que sabiam todas ao mesmo: carneiro, ou outro animal qualquer da família...

Após os petiscos iniciais fomos dar uma volta de camelo, onde o cenário era absolutamente fascinante. No meio de uma planície completamente verde há um rasgo de dunas, que dão início ao deserto do Gobi. Durante o Inverno, grande parte do deserto cobre-se de neve e os camelos, sem alternativa, comem-na.Andámos pelo meio das dunas, onde só havia areia.
Mas de vez em quando, ao lado das dunas, lá andávamos nós a passear de camelo junto às planícies verdes, no meio dos rebanhos da nossa família nómada. Um verdadeiro paraíso de troca de paisagens, nunca antes visto e absolutamente fascinante...Ora estavamos no deserto, ou simplesmente na savana, no meio de um rebanho.

A 1ª família em que ficámos, tinha 4 filhos, 2 rapazes e duas raparigas. O mais velho estava no serviço militar, os outros ainda permanecem com os pais. Embora sejam nómadas todas as crianças vão para a escola. Na Mongólia, o ensino obrigatório é até ao 12º ano e encontra-se mais fácilmente um mongól que fale inglês, do que um russo.
Estas famílias nómadas andam com o seu pasto de um lado para o outro, durante o ano. Mudam-se e levam o seu ger atrás, em benefício do gado, de modo a que possa sobreviver durante todo o ano. O gado é a sua principal fonte de alimento.
Depois do jantar fomos ajudar as crianças a guardar o rebanho, onde tinhamos de separar os cabritinhos dos graúdos, uma tarefa simples para quem o faz todos os dias, mas para quem não está habituado não é tão simples como parece!
Adormecer no deserto é um verdadeiro sonho, não se ouve nada e, de manhã, acordamos com as ovelhas a pastar lá ao longe. Uma vida muito saudável!




Na manhã seguinte deixámos o deserto e partimos para oeste em direcção aos parques naturaris, onde o cenário, mais uma vez, mudou completamente. Passámos do deserto, ou savana para os montes suíços, onde há vacas, cavalos, cabras, ovelhas e outras coisas. Mas houve um animal que nos chamou a atenção. O Yak. Nunca tinha visto nenhum!!!



Ao final do 2º dia da nossa tour, chegámos à "habitação" da nossa 2ª família nómdada. Nesta família, o principal animal era o cavalo. Como bons afitriões que somos, fomos experimentar os petiscos desta família, que são à base do leite fermentado da égua, que por sinal é muito rico (em proteinas, ou vitaminas, já não me lembro bem...). O leite tem um ligeiro sabor a cerveja e os mongóis adoram! Dada a importância deste leite fomos ver a nossa família nómada a tira-lo das éguas, cuja frequência é de 3 em 3 horas.
Bebemos aquilo a que os mongóis chamam de a "vodka mongol", que é nada mais nada menos do que um licor alcoólico destilado do leite de Yak! Uma delícia! Não sei porquê, mas também isto me soube a carneiro...
À noite, depois do jantar, estivemos a jogar ao "mata" versão mogól, com as crianças, filhas das nossas famílias. Divertimo-nos todos imenso!
Na manhã seguinte tomámos o pequeno almoço na companhia da nossa família, que via muito atentamente um filme na televisão. Embora não comam o mesmo que nós, a alimentação deles é bastante rica. Enquanto comiamos umas tostas com ovos mexidos, queijo e até Nutella (eu nem gosto muito de pão com chocolate), as crianças começaram a olhar para nós com cara de esfomeadas. Muito provavelmente não tinham fome, mas aquilo devia ser novidade para eles, de tal forma que olhavam fixamente para nós, e, foi assim, quem perdeu a fome fui eu. Parti o resto de todo o pão que tinhamos, cobrio-o com practicamente todo o frasco de Nutella e destribuí-o por todas as crianças. Espero que tenham adorado o nosso pequeno petisco ocidental!


De manhã e, ainda antes de irmos dar um passeio a cavalo, deu para brincar mais um bocadinho.




Fomos de cavalo visitar umas cataratas, na zona onde morava a nossa família. Mais uma vez, o cenário era fascinante.
Foi nesta troca de paisagens e cenários, que o pato se apaixonou pela Mongólia e quer lá voltar um dia mais tarde!




Teria sido um erro fatal da nossa viagem, se apenas tivessemos ficado 1 dia na feia capital da Mongolia.
Para quem se quiser perder no meio das planícies, desertos e montanhas, recomendamos a Mongólia a 100%.

2 comentários:

  1. Pata,

    estou MARAVILHADA, o blog no seu melhor.

    *

    PS: Mas nao abuses, se continuares assim tenho que levar uma mala vazia e nao posso levar roupa :-)

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  2. Susaninha:

    Aqui vai o comentario que deixaste na mensagem de Moscovo "From Russia with love":

    "já te disse que a minha mala vai ser inversamente proporcional ao tamanho do vosso blog: por isso keep posting"

    Ao qual eu respondi, que ia ter que dar a letra, por isso, agora nao tens desculpas. Podes lever uma escova e pasta dos dentes. O resto compras la!! :))))

    **

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